Lacerda Machado considera “muito animadores” prejuízos da TAP no primeiro trimestre

Diogo Lacerda Machado, antigo administrador não executivo da TAP, considera que a diminuição dos prejuízos mostra que a companhia está "num excelente caminho".

Depois de chegar aos lucros em 2022, a TAP arrancou o primeiro trimestre com prejuízos de 57,4 milhões de euros, cerca de metade do registado no mesmo período do ano anterior. Diogo Lacerda Machado, antigo administrador executivo da companhia aérea, afirmou aos deputados da comissão parlamentar de inquérito que os números mostram que a transportadora está “num excelente caminho”.

“Relativamente ao primeiro trimestre, os resultados são muito, muito animadores”, afirmou Lacerda Machado, questionado pela deputada Fátima Fonseca, do PS. O antigo administrador salientou que os períodos onde a companhia ganha dinheiro são no verão e no Natal. “Ter tido um prejuízo de 57 milhões no primeiro trimestre significa que vai num excelente caminho”, apontou.

Lacerda Machado deixou também elogios aos resultados de 2022, em que a companhia conseguiu lucros de 65,6 milhões, os primeiros em cinco anos, salientando que superou a receita de 2019, “com menos capacidade”, uma vez que o fez com menos aviões. Foram “excelentes resultados”, mesmo retirando a parte dos impostos diferidos, porque não é recorrente.

Filipe Melo, deputado do Chega, lembrou que os resultados referem-se ao período em que Christine Ourmières-Widener era a presidente executiva e questionou a razão porque foi despedida. “Não foi por causa dos resultados que a senhora CEO foi destituída com justa causa”, respondeu. De resto, sobre os motivos, disse que sabia “o que sabe o público em geral, ponto”.

Os bons resultados, acredita, ajudarão “a suscitar o interesse sério dos interessados na privatização”. O antigo administrador executivo aproveitou para referir que a companhia aérea “está muito bem entregue” a Luís Rodrigues, o novo CEO da TAP, que tomou posse a 14 de abril.

“Ninguém vai aceitar menos do que o controlo” na privatização

Ainda sobre a venda do capital, o jurista apaixonado pela aviação, deixou uma recomendação ao Governo: “Eu guardaria nem que fosse 2% do capital”, para “manter alguma proteção do interesse de Portugal”. “Ninguém vai aceitar menos do que o controlo depois do que aconteceu”, aludindo a potenciais compradores.

“Não acredito que alguém pague 2,5 milhões” pela TAP, afirmou Lacerda Machado ao ser questionado sobre a possível devolução da ajuda estatal ao Estado. “Tenho esperança que alguém diga que partilha o upside e que paga nem que seja em 20 anos”, acrescentou, referindo-se a um potencial comprador.

O antigo administrador não executivo lembrou que nos planos da Atlantic Gateway chegou a estar a realização de uma dispersão do capital em bolsa, que o acionista privado estimava que lhe iria proporcionar um encaixe entre 1.200 e 1.400 milhões de euros.

A dispersão em bolsa (IPO) acabaria por não avançar e foi aí que apareceu a possibilidade de venda direta à Lufthansa. Um processo que começou em abril de 2019, quando a Atlantic Gateway percebeu, em função do acordo com o Governo, “que não ia ter IPO que queria”. Lacerda Machado revelou que a companhia alemã iria ficar com a participação de David Neeleman (22,5%).

Aquilo que nos foi transmitido é que Lufthansa estava entusiasmada com a TAP. Aceitava ser minoritária e aceitava os mesmos compromissos estratégicos, de manter a companhia portuguesa, com direção em Portugal, a pagar os impostos em Portugal e a ser a maior exportadora de serviços em Portugal”, disse o antigo membro do conselho de administração.

Jurista, amigo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado liderou a negociação que resultou na reversão parcial da privatização da transportadora aérea, permitindo à Parpública ficar com 50% dos direitos de voto, com a Atlantic Gateway a baixar a participação dos 61% para os 45%. Foi na sequência da recompra das ações pelo Estado, em 2017, que Lacerda Machado entrou para a administração, saindo em abril de 2021. É atualmente diretor da Geocapital e da Mystic Invest, uma holding de investimentos no turismo.

(notícia atualizada às 23h)

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