Direita pede “esclarecimento claro” sobre ida de Costa a Budapeste para a final da Liga Europa
Liberais salientam que já existem três versões sobre a presença, fora da agenda, de António Costa para assistir a final da Liga Europa, ao lado do primeiro-ministro húngaro. PSD "estranha" a situação.
O PSD e a Iniciativa Liberal (IL) vieram esta segunda-feira pedir um “esclarecimento claro” sobre a polémica presença de António Costa na final da Liga Europa, na Hungria, onde o primeiro-ministro se sentou ao lado do homólogo húngaro, sem nada constar da agenda oficial. O presidente do PSD, Luís Montenegro, considera “muito estranha” a situação. O líder do IL nota que “já há três versões do assunto”.
“A situação é muito estranha. Passaram 20 dias sem que houvesse uma nota oficial desta deslocação e do modo como ocorreu. Passaram 72 horas desde a publicitação. Se era assim tão fácil comunicar, não se percebe porque a viagem não esteve no programa oficial e não se justificou a ida“, referiu Luís Montenegro em Palmela, em declarações difundidas pela RTP3.
Para Luís Montenegro, “não há razão para não haver uma explicação de viva voz”. O líder dos sociais-democratas considera “impensável que meios oficiais sejam usados para deslocações particulares”. O PSD, ainda assim, diz que não vai enviar perguntas oficiais ao gabinete do primeiro-ministro. “Suficiente era termos uma resposta cabal”, avaliou Luís Montenegro.
“Passámos dezenas de dias à procura da verdade na comissão parlamentar de inquérito à TAP e nunca tivemos uma resposta clara. Se há tanta dificuldade em contar a verdade, o que se passa no país quando as coisas que parecem simples são sempre envolvidas em tentativas de omissão? Parece algo muito difícil de entender”, sublinhou, por outro lado, o líder dos liberais, Rui Rocha, em declarações no Parlamento.
Ao contrário do PSD, a IL vai enviar duas perguntas ao gabinete do primeiro-ministro: “porque a presença do primeiro-ministro português na final da Liga Europa não constava da agenda oficial?”; “há outros casos em que meios do Estado, nomeadamente o avião Falcon, são usados pelo primeiro-ministro para visitas fora da agenda oficial?”.
Rui Rocha considera que António Costa “ganharia em apresentar a sua versão dos factos em viva voz”, em vez de enviar um comunicado de imprensa. O primeiro-ministro justificou esta segunda-feira a paragem na Hungria para assistir à final da Liga Europa, que se realizou a 31 de maio, ao lado do homólogo húngaro, Viktor Orbán. Em comunicado, António Costa indica, através do seu gabinete, que fez escala em Budapeste, quando estava a caminho de Chisinau (Moldova) para participar na II Cimeira da Comunidade Política Europeia, aproveitando assim o convite do presidente da UEFA para assistir ao jogo.
“Tendo concluído atempadamente os seus compromissos oficiais em Portugal, e situando-se Budapeste na rota para Chisinau, o primeiro-ministro teve oportunidade de fazer uma escala nessa cidade, correspondendo ao convite que lhe tinha sido endereçado pelo presidente da UEFA para assistir ao jogo da final da Liga Europa”, lê-se na mesma nota.
António Costa respondeu ainda às críticas por ter assistido ao jogo na tribuna de honra ao lado do primeiro-ministro da Hungria, apontando que se tratou do “tratamento protocolar” por parte da UEFA e que “mantém, naturalmente, relações de trabalho” com Viktor Orbán, líder do partido Fidesz, associado à extrema-direita.
Como noticiou o Observador (acesso pago) na sexta-feira, a deslocação a Budapeste não constava na agenda pública do chefe de Governo. O Presidente da República chegou a confirmar, em declarações à RTP, que teve conhecimento prévio da paragem de António Costa em Budapeste para assistir à final da Liga Europa, mas alegou que o primeiro-ministro queria “dar um abraço a José Mourinho”, treinador português atualmente no Roma.
No sábado, Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda não ver qualquer “problema político específico” na escala do primeiro-ministro na Hungria, sublinhando que os dois países são aliados na União Europeia. “A Hungria é um Estado da UE. [Viktor Orbán] é um primeiro-ministro da UE. Podemos concordar ou discordar dele nas migrações, na política económica e social e em muita coisa, mas faz parte do grupo de países que são nossos aliados naturais na UE”, afirmou Marcelo.
Durante o fim de semana, também o presidente do Chega já tinha acusado António Costa de “hipocrisia política e imoralidade” devido à escala que fez, quando viajava num Falcon da Força Aérea, em Budapeste. “Querer estar com José Mourinho e apoiar um treinador português, um jogador português, uma equipa portuguesa é sempre louvável, mas António Costa não colocou na agenda pública que ali estaria, o que significa que, de alguma forma, um equipamento do Estado foi utilizado para finalidades que, não sendo secretas, foram mais privadas do que políticas ou públicas”, disse André Ventura, num vídeo divulgado aos jornalistas e citado pela agência Lusa.
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