Inteligência artificial pode poupar até 70% do tempo gasto em funções de rotina no trabalho
Metade das funções laborais poderão ser automatizadas entre 2030 e 2060. Depois das tecnológicas, bancos poderão obter o maior ganho de produtividade, garantindo até mais 340 mil milhões de dólares.
A Inteligência Artificial (IA) generativa, tecnologia por trás de soluções com o ChatGPT, tem o potencial de automatizar atividades de trabalho que absorvem, atualmente, 60% a 70% do tempo dos trabalhadores, e gerar entre 2,6 biliões e 4,4 biliões de dólares em produtividade anual a nível mundial, aponta o estudo “The economic potential of generative AI: The next productivity Frontier”, da Mckinsey & Company.
“Com a tecnologia de IA generativa a evoluir tão rapidamente, os líderes empresariais têm de agir rapidamente para captar o seu valor e gerir os seus riscos. Os governos também precisam de se manter a par do progresso da tecnologia para enfrentar os seus desafios e capitalizar os seus benefícios. E com um impacto tão significativo na força de trabalho, as organizações terão de acelerar o planeamento e a reciclagem da força de trabalho, enquanto os colaboradores devem trabalhar para dominar as suas utilizações e adquirir novas competências”, recomenda a McKsinsey, em comunicado.
O uso de IA já previa ganhos de produtividade, mas a IA generativa pode dar um novo impulso aponta a consultora, depois de analisar 63 novos casos de uso em 16 funções empresariais, tendo o estudo concluído que esta tecnologia “pode gerar entre 2,6 biliões e 4,4 biliões de dólares em produtividade anual a nível mundial.”
“Excluindo a IA generativa, os casos de uso da inteligência artificial e de analytics podem gerar anualmente entre 11 e 17,7 biliões de dólares em valor para a economia global. Acrescentar a IA generativa a estes use cases pode aumentar esse valor entre 15% a 40%”, refere a consultora em comunicado.
Com a tecnologia de IA generativa a evoluir tão rapidamente, os líderes empresariais têm de agir rapidamente para captar o seu valor e gerir os seus riscos. Os governos também precisam de se manter a par do progresso da tecnologia para enfrentar os seus desafios e capitalizar os seus benefícios. E com um impacto tão significativo na força de trabalho, as organizações terão de acelerar o planeamento e a reciclagem da força de trabalho, enquanto os colaboradores devem trabalhar para dominar as suas utilizações e adquirir novas competências.
Só os mais de 60 novos casos de utilização de IA generativa analisados pela consultora podem acrescentar entre 2,6 biliões de dólares e 4,4 biliões de dólares em produtividade global anual, valor comparável ao PIB do Reino Unido em 2021, refere a consultora.
Num momento em que em vários países se discute — e até proíbe — o uso do ChatGPT e na UE se prepara legislação para regular a IA, a Mckinsey realça os potenciais ganhos de produtividade que a economia mundial poderia obter com a permissão de utilização de todos os trabalhadores a esta tecnologia: um aumento anual de 0,1% a 0,6% até 2043, “compensando o declínio do crescimento do emprego à medida que as populações envelhecem.”
“As capacidades atuais da IA generativa, em conjunto com outras tecnologias, têm o potencial de automatizar 60% a 70% do tempo dos trabalhadores, versus os 50% anteriormente previstos”, refere a consultora. “Metade das atividades laborais atuais poderão ser automatizadas entre 2030 e 2060”, indica a Mckinsey, estimando que o ponto médio (2045) surge “uma década antes das anteriores estimativas”.
Atividades que podem mais beneficiar
O compasso de mudança do mundo do trabalho está a acelerar com a IA generativa, com a Mckinsey a apontar o maior impacto desta tecnologia em atividades como operações com clientes, marketing e vendas, engenharia de software e I&D, setores em que a consultora aponta “cerca de 75% do potencial de valor total da aplicação da IA generativa”.
A área de operações com clientes pode ter um aumento de produtividade entre 30% a 45% dos custos atuais das funções — “os casos de uso incluem a melhoria do self-service, através de canais automatizados e o fornecimento de informações mais específicas aos agentes humanos de apoio ao cliente para aumentar as vendas” –, enquanto as atividades de marketing e das vendas poderão ter um acréscimo entre 5%-15% e entre 3%- 5%, respetivamente, com os casos de uso a revelar uma “maior rapidez na conceção e elaboração de conteúdos, melhor conhecimento e qualidade dos dados, personalização de pesquisas e definição de prioridades para os potenciais clientes.”
A aplicação desta tecnologia à engenharia de software poderá gerar poupanças na produção de produtos, com um aumento anual de produtividade, resultante da redução do tempo de codificação, da correção de código e da pesquisa de mercado para soluções de arquitetura, entre 20% e 45% das despesas atuais.
A I&D obterá ganhos de produtividade dos produtos — com melhoria da qualidade global do produto, a otimização dos desenhos para fabrico e a redução dos custos de logística e produção — entre os 10% e 15% dos custos globais.
“À exceção das tecnológicas, os bancos podem obter o maior valor da IA generativa, garantindo entre 200 e 340 mil milhões de dólares adicionais com o aumento da produtividade. Os benefícios incluem a maior satisfação do cliente, melhor tomada de decisões e melhor experiência dos colaboradores. Além disso, poderá reduzir o risco de fraude através de uma melhor monitorização”, refere a Mckinsey.
O retalho, com a automatização de funções-chave como o serviço ao cliente, o marketing e as vendas e a gestão do inventário e da cadeia de abastecimento, poderá ter um aumento de 310 mil milhões de dólares com a IA generativa. “O aperfeiçoamento das soluções de IA existentes também melhorará as ofertas personalizadas aos clientes, otimizando as atividades de marketing e vendas”, considera a consultora.
“As capacidades linguísticas da IA generativa também apresentam riscos, podendo tanto melhorar as interações humanas como causar danos através de mal-entendidos, manipulação e conflitos.
Já as indústrias farmacêutica e de produtos médicos poderão “desbloquear 61 a 110 mil milhões de dólares por ano através do potencial da IA generativa para acelerar o ciclo de 10 a 15 anos que um medicamento demora a chegar ao mercado”, calcula, apontando ainda melhorias na qualidade dos compostos de medicamentos e redução do custo do I&D.
Apesar do “potencial imenso para a economia global” destas ferramentas alimentadas pela IA generativa, em particular face aos desafios demográficos, a consultora deixa um alerta: “As capacidades linguísticas da IA generativa também apresentam riscos, podendo tanto melhorar as interações humanas como causar danos através de mal-entendidos, manipulação e conflitos.”
O estudo “The economic potential of generative AI: The next productivity Frontier” é uma colaboração entre o McKinsey Global Institute (MGI), o McKinsey Technology Council, o McKinsey Growth Marketing & Sales e a QuantumBlack, AI by McKinsey.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Inteligência artificial pode poupar até 70% do tempo gasto em funções de rotina no trabalho
{{ noCommentsLabel }}