Tripulantes e pilotos criticam relatório da CPI à TAP

Sindicato que representa os tripulantes da TAP diz que relatório tem "falta de rigor, omissões e inverdades". Pilotos afirmam que a "culpa vai morrer solteira"

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) tecem duras críticas ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP. A estrutura que representa os tripulantes contesta a pouca atenção dada ao plano de reestruturação e à existência de alternativas aos elevados cortes salariais. Os pilotos dizem que o documento “iliba o Governo” e que a “culpa vai morrer solteira”.

“O SNPVAC lamenta que o relatório preliminar seja um documento com tamanha ligeireza, falta de rigor, omissões e inverdades, que mais não são que uma falta de respeito para com os tripulantes de cabine da TAP, os trabalhadores do Grupo TAP, os portugueses e contribuintes”, começa o comunicado enviado esta quinta-feira aos associados e a que o ECO teve acesso.

“Este relatório levou-nos a apurar quase nada”, considera, por sua vez, Tiago Faria Lopes, presidente do SPAC, considerando que o relatório da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo “Iliba o Governo de responsabilidade no pagamento dos 500 mil euros de indemnização a Alexandra Reis“. “Mais uma vez a culpa vai morrer solteira em Portugal“, atira. Uma coisa é certa, “os contribuintes é que não autorizaram o pagamento da indemnização”, acrescenta.

O SNPVAC considera que é dada insuficiente atenção ao plano de reestruturação da companhia aérea acordado com a Comissão Europeia. “O maior processo de reestruturação de uma empresa pública executado nos últimos anos e que implicou uma injeção de dinheiros públicos na TAP de 3,2 mil milhões de euros — com um vergonhoso despedimento coletivo e a saída de milhares de trabalhadores, agravado de um corte nos salários de 25% dos trabalhadores que ficaram — teve direito a seis páginas e meia(!) de um relatório com 180 páginas“.

O sindicato que representa os tripulantes afirma também que o relatório não reflete o que foi dito nas audições e “omite informação nova e muito relevante que foi prestada pelo SNPVAC na CPI”. “Não compreendemos como é possível não constar neste relatório a informação oficial de que Bruxelas sugeriu e defendeu outras soluções — menos duras e onerosas para os Trabalhadores do Grupo TAP — no âmbito das negociações do Plano de Reestruturação“, contesta. Um tema em que o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, insistiu na sua audição.

Não compreendemos como é possível não constar neste relatório a informação oficial de que Bruxelas sugeriu e defendeu outras soluções — menos duras e onerosas para os Trabalhadores do Grupo TAP — no âmbito das negociações do Plano de Reestruturação.

SNPVAC

“Infelizmente, este relatório veio confirmar os receios e as críticas feitas pela direção do SNPVAC ao longo das sucessivas audiências na CPI, em que houve muita política e pouca TAP, e onde os seus trabalhadores foram totalmente esquecidos“, lamenta o sindicato, considerando que a companhia “foi usada como um mero joguete político”.

O problema da TAP não está nos salários dos trabalhadores, mas na interferência política constante a que assistimos na TAP nas últimas décadas“, diz também Tiago Faria Lopes.

SPAC sublinha necessidade de defender o hub de Lisboa

O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil considera que devem ser retiradas ilações para o processo de venda do capital da companhia aérea. Tiago Farias Lopes defende que na privatização “é fulcral garantir a preservação do hub” no aeroporto de Lisboa por pelo menos 20 anos. Se isso não acontecer será “um erro crasso” e um “crime de lesa pátria”, pela importância que tem para a economia portuguesa.

O responsável sindical é contra a venda da TAP ao Grupo IAG, dono da Iberia, da British Airways e de outras companhias. “A IAG em cinco anos muda o hub para Madrid, onde tem um aeroporto grande e a um terço da capacidade”, argumenta. “Não vejo interesse para a TAP, os contribuintes e os portugueses”.

O relatório preliminar da CPI à TAP, da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo, foi entregue na terça-feira perto da meia-noite. Os partidos com assento na CPI têm até dia 10 de julho para apresentar propostas de alteração ao relatório da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo. A apresentação e discussão da versão final está agendada para dia 13. Segue-se a apreciação do documento no plenário da Assembleia da República, prevista para dia 19.

(peça atualizada às 13h40 com reação do SPAC)

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