Relatório sobre CPI à TAP devia incluir a existência de mentiras e incompetência
"A grande conclusão" que devia constar num "relatório justo", defende Rui Rocha, é que "o Estado não pode estar com a mão metida nas empresas públicas" porque "não é capaz" de as "gerir bem".
O presidente da IL, Rui Rocha, afirmou esta terça-feira que o relatório da comissão de inquérito à TAP devia incluir que “houve ingerência política”, “mentira”, “incompetência” e que o Estado não pode “estar com a mão metida em empresas públicas”.
“No país de António Costa [primeiro-ministro], o escrutínio faz-se de forma ligeira, os relatórios não servem para descrever o que aconteceu na comissão de inquérito à TAP, servem para descrever aquilo que António Costa gostava que tivesse acontecido”, criticou Rui Rocha, elencando os pontos que um relatório redigido pela IL incluiria.
Discursando no encerramento das jornadas parlamentares da IL, que decorreram no Funchal, o líder do partido começou por realçar que “obviamente que neste relatório estaria que houve ingerência política”, sustentando esta posição com um conjunto de episódios como as reuniões secretas entre a antiga CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, e os deputados do PS ou o pedido de alteração de um voo para “agradar ao Presidente da República” por parte do Governo.
“E um relatório da Iniciativa Liberal sobre esta matéria também diria que ao longo desta comissão de inquérito e do processo de gestão da TAP houve mentira e falta de transparência”, acrescentou. Rui Rocha apontou que, a propósito da transparência, num relatório elaborado pela IL constaria “o investimento de 3.200 milhões de euros [injetados] na TAP com o dinheiro dos portugueses”.
“E obviamente que também teríamos lá uma avaliação da competência ou falta dela. Tivemos ingerência, tivemos mentira e falta de transparência e obviamente tivemos incompetência”, considerou. Além destes pontos, o líder da IL sublinhou que “a grande conclusão” que devia constar num “relatório justo” é que “o Estado não pode estar com a mão metida nas empresas públicas” porque “não é capaz” de as “gerir bem”.
No seu discurso, Rui Rocha defendeu igualmente que o grupo parlamentar da IL é “campeão do escrutínio do Governo de António Costa”, considerando que essa ação do partido tem deixado o primeiro-ministro e o ministro da Cultura, Adão e Silva, irritados.
Sobre Pedro Adão e Silva, que teceu críticas ao funcionamento da comissão de inquérito à TAP, o presidente da IL considerou uma “ironia” e “enorme falta de vergonha” por parte do ministro, que, como comentador político, fez “um branqueamento sistemático, reiterado, ao longo de anos, de José Sócrates”.
“E, portanto, esta pessoa, que agora é ministro, é a mesma pessoa que, depois de ter feito este tipo de comentador recorrente, de branqueamento sistemático daquilo que foi a evidência do que era José Sócrates e a sua gestão, vem agora criticar comentadores”, afirmou.
“E quando o ministro da Cultura vem falar de filme ou de atuação do género do filme de série B, também é preciso dizer que está completamente enganado. Os filmes de série B eram conhecidos por serem de filmes de baixo orçamento. Ele está a falar da TAP, a TAP não é um filme de baixo orçamento, é um filme que custou 3.200 milhões”, acrescentou.
Num discurso de cerca de 40 minutos, Rui Rocha destacou ainda um conjunto de problemas no país, entre os quais a sustentabilidade da Segurança Social, os altos impostos e as dificuldades de acesso à habitação. O presidente da IL reejeitou também que o partido esteja “à espera de uma senha para chegar ao poder”, mas manifestou-se convicto de que será “uma alternativa que vai transformar o país”.
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