Operação Picoas toca direitos da bola e até chega aos EUA
Investigação aos negócios da cúpula da Altice Portugal também tem suspeitas relacionadas com direitos do futebol e até chega ao mercado norte-americano, contam os jornais esta terça-feira.
A Operação Picoas, que atingiu em cheio a cúpula da Altice, continua a marcar a atualidade. Esta terça-feira, um dia depois de Alexandre Fonseca ter suspendido funções de liderança no grupo ao nível internacional, são várias as notícias na imprensa que dão conta de alguns dos contornos da investigação.
O Público noticia que o Ministério Público acredita que os alegados esquemas de Armando Pereira, cofundador, e do seu parceiro de negócios, Hernâni Vaz Antunes, cruzaram o Atlântico e chegaram mesmo aos fornecimentos da Altice USA, a subsidiária da Altice nos EUA. Ambos estão detidos.
Segundo o jornal, há registos de uma fornecedora de fibra ótica da Altice USA, chamada Excell Communications, que é detida por Yossi Benchetrit, genro de Armando Pereira e responsável de compras na Altice USA (Chief Procurement Programming Officer). Na tese da investigação, o francês pode ser mais um testa-de-ferro do universo de sociedades com participações cruzadas que gravita em torno da Altice.
Além disso, de acordo com o Público, a compra do antigo Edifício Sapo, na Avenida Fontes Pereira de Melo, em Lisboa, é um dos vários negócios feitos já durante o mandato de Alexandre Fonseca enquanto presidente executivo da Altice Portugal, e que está sob suspeita.
Também esta terça-feira, o Correio da Manhã dá conta de que a corretora de seguros Sabseg, parceira da Liga de Clubes, poderá estar envolvida num esquema de faturação falsa com Hernâni Vaz Antunes. Segundo o jornal, o Ministério Público acredita que uma empresa controlada pelo empresário, chamada Maratona Vanguarda, gerou faturas falsas para a Sabseg com a condição de a mesma continuar a ser fornecedora da Altice.
O Correio da Manhã refere que, entre 2017 e 2022, as autoridades estimam que tenha havido “faturação de conveniência” no valor de 8,1 milhões de euros. O mesmo esquema, segundo a investigação, terá sido replicado com outras empresas.
No Jornal de Notícias (ligação indisponível), esta terça-feira, é noticiado que as autoridades suspeitam que, a mando de Hernâni Vaz Antunes, a sua filha, Jéssica Antunes, terá desviado vários milhões de euros dos contratos da venda dos direitos televisivos, firmados entre a Altice e clubes da primeira liga de futebol portuguesa.
De acordo com o jornal, o esquema terá contado com a cumplicidade do empresário do futebol, Bruno Macedo, gerando ganhos ilícitos de cinco milhões de euros entre 2016 e 2017. O dinheiro, ainda segundo o Jornal de Notícias, terá sido espalhado por várias contas bancárias de empresas, incluindo empresas fantasmas, controladas por Armando Pereira e por Hernâni Vaz Antunes.
Como noticiou o ECO, a Altice Portugal anunciou ter aberto uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis. A empresa também suspendeu todos os pagamentos às entidades visadas pela investigação.
O Jornal de Negócios refere que a investigação da Operação Picoas coloca a Altice Portugal sob ameaça de uma crise reputacional. Além disso, o Correio da Manhã noticia que a Justiça já congelou contas bancárias de Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes. Este último terá cerca de 100 milhões de euros nos bancos portugueses e viu ainda serem-lhe apreendidos 18 carros de luxo.
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