Salário emocional: o melhor recurso para atrair e reter talento
É a ligação emocional às empresas que permite a retenção e a atração de talento. Os colaboradores querem sentir que estão a fazer um percurso dentro da empresa. E precisam disso já.
O salário foi durante muitos anos o primeiro e principal argumento na escolha de um trabalho. Mas já não está sozinho. E aquela que era uma tendência é hoje uma certeza: a componente intangível da remuneração assume uma importância crescente e, para as empresas, deixou de ser um nice to have para ser um must have.
Os últimos três anos, muito marcados pela pandemia de Covid-19, tiveram um papel determinante na aceleração e consolidação deste que pode ser classificado como o “salário emocional”. Ou seja, o contexto acabou por fazer com que a prática, por parte das empresas, de reforçar a oferta de componentes intangíveis aos colaboradores atuais e potenciais se assumisse como mais comum e cada vez mais valorizada. Acredito que, sem a pandemia, apenas dentro de dois a três anos (dependendo, claro, do setor) teríamos o cenário que temos hoje.
A situação absolutamente incomparável que todos vivemos desde o início de 2020 levou a que as empresas se focassem em promover o bem-estar dos seus colaboradores e isso traduziu-se num aumento expressivo de estratégias para facilitar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, fomentar a flexibilidade de horários e também a escolha de regime de trabalho. São estratégias que têm um custo de quase zero para as empresas, mas um saldo muito positivo na valorização por parte dos colaboradores.
Entre as principais conclusões do relatório “Employer Brand Research 2023” da Randstad, que inquiriu 5.255 pessoas em Portugal, destaca-se que “os benefícios não materiais são considerados quase tão importantes como os benefícios materiais”: os benefícios não-materiais são (muito) importantes para 86% dos inquiridos quando escolhem um empregador em vez de outro, o que é quase tão importante como os benefícios materiais (88%), sendo uma boa relação com a direção e/ou os colegas o benefício não material mais importante (78%).
Considero que a gestão das empresas tem de ser mais humanizada, mais focada nas pessoas sem, claro, descurar as componentes mais visíveis dos negócios. Uma estratégia consolidada das empresas na oferta aos colaboradores de componentes intangíveis de remuneração traduz-se em inúmeras vantagens, mesmo que algumas não sejam imediatas. Por um lado, contribui para a melhoria daquilo que é a identificação das pessoas com as empresas, algo que se vai construindo ao longo do tempo. Ao mesmo tempo, também o próprio desempenho dos colaboradores será melhor, uma vez que ficarão mais motivados e predispostos a fazer melhor o seu trabalho, a aprender e a evoluir. E, no final, os laços entre as empresas e os colaboradores sairão fortalecidos.
Entre as iniciativas que podem ser seguidas pelas empresas, e como é o nosso caso, estão o reforço de coberturas nos seguros de saúde, como a de psicologia, ou o seu direcionamento para as necessidades específicas dos colaboradores, disponibilização de diversas formações e coaching para todas as equipas, possibilidade de realização de teletrabalho, a oferta do dia de aniversário, a criação de um horário reduzido à sexta-feira (saída às 15h00), a promoção de hábitos de vida saudáveis e a organização de iniciativas que promovam o convívio das diferentes equipas, como a Festa de Natal e o “Recreacional Day”.
Mais do que o salário, é a ligação emocional às empresas que permite a retenção e a atração de talento. As empresas não podem ignorar que, em 2023, os colaboradores valorizam o percurso de carreira, a progressão e a formação que o emprego lhes pode proporcionar, o ambiente da empresa e a relação line manager. Os colaboradores atuais querem sentir que estão a desenvolver-se e a fazer um percurso dentro da empresa. E precisam disso já!
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