As embalagens sustentáveis nos negócios que se adaptam ao futuro

  • Sébastien Pellion
  • 21 Julho 2023

Um em cada dois consumidores mostra-se indeciso em pagar mais pela sustentabilidade. As embalagens devem apresentar uma alternativa atraente para o cliente – e isso significa torná-las acessíveis.

Já nos aconteceu a todos – recebemos um pacote enorme, quando o conteúdo pode ser algo tão minúsculo quanto uma escova de dentes ou um pão. Uma montanha de papel ou cartão vai para a reciclagem, sem falar no plástico não reciclável ou na esferovite.

Mas, encorajados por uma geração mais jovem e consciente ambientalmente, os consumidores percebem que o comércio eletrónico não tem de ser insustentável. E, não é nenhuma surpresa, uma pesquisa da First Insight menciona que a preferência da Geração X por marcas sustentáveis aumentou quase 25% nos últimos dois anos.

Porque é que a sustentabilidade é tão importante para a entrega de comida

No que respeita às entregas takeaway, as correspondentes às refeições contribuíram significativamente para o desperdício de caixas ou pacotes. Só no Reino Unido, estima-se que 2,2 milhões de toneladas de embalagens de plástico entrem no mercado de consumo todos os anos, assumindo-se como contribuintes significativos para a pegada de carbono das empresas.

Mas é também indicativo de uma oportunidade. O delivery de refeições procura sempre encontrar uma forma de atrair uma base de consumidores em constante mudança. Ao colocar este tema no centro das atenções, pode garantir que está a fazer o melhor para as pessoas, para o planeta e para os negócios.

Torne-o acessível

De acordo com a Deloitte, um em cada dois consumidores não está disposto ou mostra-se indeciso em pagar mais pela sustentabilidade. As embalagens devem, portanto, apresentar uma alternativa atraente para o cliente – e isso significa torná-las acessíveis.

Um grande obstáculo para as companhias é que as proteções ecológicas são muitas vezes mais dispendiosas do que o plástico. Por exemplo, uma caixa de hambúrguer feita de cana-de-açúcar custa quase duas vezes mais do que uma de poliestireno, enquanto um garfo de amido vegetal biodegradável é 3,5 vezes mais caro do que um de plástico.

Esses custos iniciais podem significar que estamos perante um jogo a longo-prazo para as empresas. Mas os parceiros de delivery podem ajudar, ao tornar os investimentos iniciais mais simplificados. Por exemplo, estas encomendas consistem frequentemente num mínimo de milhares de unidades. Mas, para quem procura dar os primeiros passos em direção a operações mais sustentáveis, os seus fornecedores de embalagens devem permitir-lhes fazer encomendas mais pequenas.

Outra forma de apoiar as pequenas organizações no arranque é contribuir para o custo de compra, com a oferta de preços mais competitivos quando comparado com artigos de plástico descartáveis. Nenhuma dessas opções pode ser suportada eternamente, mas podem começar a educar as empresas quanto à viabilidade de uma política mais amiga do ambiente.

Mantenha-se na linha da frente, não espere pela legislação

Muitas firmas apenas agirão em temas deste cariz quando for introduzida legislação adequada. E, Portugal já está a agir contra a poluição pelo plástico, com legislação mais rigorosa. Mas, como vimos na ampla luta contra as alterações climáticas, as empresas devem ser tão proativas quanto possível na mudança.

Uma razão oportuna é que, devido ao aumento do custo de vida, as companhias já estão focadas na criação de estratégias que lhes permita resistir aos ventos adversos da economia. Se forem deixadas para segundo plano, as embalagens sustentáveis correm o risco de perder relevância na lista de prioridades e, potencialmente, de serem completamente abandonadas.

Ao definir o seu próprio calendário, as organizações podem garantir que a transformação ao nível destas operações recebe a atenção e o investimento merecidos. Além disso, beneficiará igualmente os clientes.

Num mundo onde o consumidor quer que as empresas defendam algo, mudar para opções ecológicas demonstra que o seu compromisso funcionará de acordo com as suas premissas.

Colabore para encontrar soluções

O setor de delivery encontra-se numa posição perfeita para permitir que todo o ecossistema seja mais consciente e aja de forma mais sustentável.

Pode até ter uma reputação de estar sempre numa “guerra sem quartel”, onde os atores se digladiam por quotas de mercado e clientes, mas é agora tempo de se unirem para encontrar soluções.

Através da partilha das melhores práticas, não só se chegará de forma mais célere a soluções, como também se garantirá uma dinâmica com parâmetros de referência ambiciosos para o futuro.

Quer se trate das metas estabelecidas para reduzir as emissões, ou de um compromisso partilhado de armazenar apenas caixas recicláveis e biodegradáveis, todos os agentes devem unir-se por uma causa comum.

 

  • Sébastien Pellion
  • Head of Impact and Sustainability na Glovo

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