EUA apoiam intervenção militar da CEDEAO no Níger
"Nós apoiamos a liderança e o trabalho da CEDEAO", disse Blinken, que elogia o "papel de liderança fundamental ao tornar claro o imperativo de um regresso à ordem constitucional".
O secretário do Departamento de Estado norte-americano, Antony Blinken, manifestou esta quinta-feira o seu apoio à iniciativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para restabelecer a ordem constitucional no Níger.
“A CEDEAO, a organização que reúne os países da África Ocidental, está a desempenhar um papel de liderança fundamental ao tornar claro o imperativo de um regresso à ordem constitucional e nós apoiamos a liderança e o trabalho da CEDEAO nesta matéria”, disse Blinken durante uma conferência de imprensa.
O governante norte-americano disse ter falado com o Presidente deposto, Mohamed Bazoum, uma dúzia de vezes desde que os militares tomaram o poder, e manifestou a sua preocupação com a sua segurança e bem-estar, pelos quais “a junta é responsável”.
Embora a organização da África Ocidental tenha concordado com a ativação “imediata” de uma força regional com vista a uma eventual intervenção militar no Níger, Blinken sublinhou em comunicado que os Estados Unidos “apreciam a determinação da CEDEAO em explorar todas as opções pacíficas para resolver a crise”.
“A democracia é a melhor base para o desenvolvimento, a coesão social e a estabilidade no Níger. Estamos do lado do povo nigerino e trabalharemos para atingir estes objetivos”, acrescentou o secretário de Estado. Nas últimas semanas, apesar dos avisos, a junta militar do Níger ignorou os apelos da CEDEAO e tomou mesmo medidas para se consolidar, incluindo a nomeação de um governo.
Entre os seus aliados estão as autoridades do Burkina Faso e do Mali, que já avisaram que uma hipotética intervenção militar no Níger seria também uma “declaração de guerra” contra eles. O Níger está sob um regime militar, que emergiu depois do golpe de Estado de 26 de julho, e apresentou os membros do Governo liderado por Ali Mahaman Lamine Zeine e composto por 20 ministros.
O anúncio foi utilizado para demonstrar a transição do poder naquele país africano, mas pode ser encarado como um sinal de desafio à CEDEAO.
O presidente da Comissão da União Africana também manifestou esta sexta-feira o “firme apoio às decisões” da CEDEAO, e mostrou uma “profunda preocupação” com a “deterioração das condições de detenção” de Bazoum, qualificando de “inaceitável” o tratamento que lhe foi reservado pelas autoridades militares que o derrubaram, desde 26 de julho.
Já o presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, reforçou que não apoia qualquer intervenção militar no Níger e garantiu que “dificilmente” o país vai integrar uma força dessa natureza no âmbito da organização da África Ocidental. Em declarações aos jornalistas na ilha do Fogo, o chefe de Estado voltou a pedir “muita prudência e muita inteligência” na análise da possibilidade de envio de força militar para “restaurar a ordem constitucional” no Níger.
Para o Presidente da República de Cabo Verde, as crises devem ser resolvidas pela via negocial. “Qualquer intervenção militar neste momento iria agravar a situação e tornar a região num espaço explosivo”, sustentou, em declarações partilhadas pela Presidência cabo-verdiana.
“Então, não apoio qualquer intervenção militar, não apoio a resolução desse conflito pela força, penso que devemos todos trabalhar para a restauração da ordem constitucional, mas em nenhuma circunstância através da intervenção militar ou do conflito armado neste momento”, reforçou. José Maria Neves garantiu ainda que “dificilmente” Cabo Verde integraria uma força militar nesse país.
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