Do salário à formação, é isto que os trabalhadores valorizam na retenção de talento

  • Trabalho
  • 23 Agosto 2023

Trabalhadores dão nota positiva às iniciativas de retenção de talento das empresas. Valorizam reforço salarial, mas também desenvolvimento de competências e plano de carreira.

Numa altura em que as empresas têm sentido dificuldades significativas em encontrarem os trabalhadores certos para os cargos que têm à disposição, a retenção de talento tem vindo a ganhar mais importância junto dos empregadores. E os trabalhadores portugueses avaliam de modo positivo as iniciativas levadas a cabo nesse âmbito, conclui o estudo “Desenvolvimento Humano, fator chave para o sucesso de Portugal”, que foi divulgado esta segunda-feira.

“A maioria dos portugueses reconhece estas iniciativas e avalia positivamente (90%) as que são levadas a cabo pelo seu empregador para reter talento”, indica a análise da autoria do Cetelem, que frisa, porém, que apenas 12% consideram que a prática de retenção de talento da sua empresa é muito boa.

Convém notar que este estudo teve por base inquéritos realizados somente a empresas francesas em Portugal e a cidadãos em território nacional. No total, foram abrangidas 15 empresas com 250 trabalhadores ou mais, dez com 50 a 249 trabalhadores, quatro com 11 a 49 trabalhadores e quatro com menos de 10 trabalhadores. Já quanto aos indivíduos residentes em Portugal, foram ouvidos mil pessoas, com idades entre os 18 e os 74.

Ainda assim, estes dados podem dar sinais sobre o que sente hoje no mercado de trabalho, numa altura em que as empresas se deparam com dificuldades no preenchimento das vagas que colocam à disposição.

Desde o início da recuperação pós pandemia que as empresas portuguesas têm reclamado da escassez de talento, sobretudo em setores como o turismo, o comércio e a agricultura. A retenção de talento tem, por isso, assumido uma relevância adicional, conforme já têm sublinhado os especialistas em recursos humanos.

Ora, de acordo com o estudo agora conhecido, as iniciativas de retenção mais valorizadas pelos portugueses são: além das questões salariais, o desenvolvimento de competências, os planos de desenvolvimento de carreira e a promoção de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

“Também os programas de reconhecimento do mérito ou a promoção de feedback são exemplos de iniciativas apreciadas. A par destas, são destacados como importantes a atribuição de benefícios (40%) ou a flexibilidade de horário (38%)”, é detalhado.

No que diz respeito aos benefícios, os mais apreciados são o acesso a refeitório (33%), os dias de férias extra além dos definidos por lei (31%) e os planos ou seguros de saúde (20%).

Por outro lado, quanto ao salário, mais de metade dos inquiridos indica que a sua remuneração não é adequada, ainda que se sintam valorizados nos seus empregos. Já 24% afirmam não se sentirem valorizados, nem remunerados justamente, e apenas 18% dos portugueses referem que são devidamente valorizados e remunerados.

Os baixos salários são um dos principais desafios do mercado laboral português. Tanto que o Governo fechou na Concertação Social um acordo com os parceiros sociais (à exceção da CGTP) para a valorização dos rendimentos. Esse acordo prevê referenciais para a subida dos ordenados, que não são, porém, vinculativos.

Por outro lado, depois da experiência generalizada de teletrabalho durante a pandemia, essa flexibilidade é hoje particularmente valorizada pelos trabalhadores. Aliás, quem, entre os inquiridos do estudo do Cetelem, tem a possibilidade de exercer a sua atividade profissional em teletrabalho (75%) ou em regime misto ou híbrido (82%), prefere estes regimes face ao presencial.

Notícia atualizada às 15h30

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