João Lourenço defende cooperação “realista” com Brasil e quer negociar financiamento
"Gostaríamos de negociar uma nova linha, com outros termos e condições, para financiar outras infraestruturas por construir, por serem importantes para o desenvolvimento do país", disse João Lourenço.
O Presidente angolano manifestou esta sexta-feira interesse em negociar uma nova linha de financiamento com o Brasil para construção de infraestruturas no país e defendeu um modelo de cooperação “realista e pragmático” para a “revitalização” da parceria estratégica de 2010.
“Gostaríamos de negociar uma nova linha, com outros termos e condições, para financiar outras infraestruturas por construir, por serem importantes para o desenvolvimento do país, como infraestruturas escolares e hospitalares, estradas, aeroportos, rede de transporte de energia e construção de subestação, sistema de distribuição de água potável e outras”, afirmou João Lourenço, no seu discurso oficial no âmbito da visita do seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a Angola.
Para o chefe de Estado angolano, a visita do Presidente da República Federativa do Brasil “reveste-se de um grande simbolismo”. “Por se tratar da primeira [visita] que é realizada num país africano, o que demonstra, no nosso entender, a importância que os nossos países atribuem à relação entre si, tendo em conta as afinidades culturais e a nossa história comum”, sustentou.
Falando ao lado do seu homólogo brasileiro, após a cerimónia de condecoração, João Lourenço defendeu a definição de um modelo de cooperação “realista e pragmático” face ao potencial de recursos que ambos países possuem. “Importa definirmos um modelo de cooperação realista e pragmático para tirarmos benefícios recíprocos no domínio da agropecuária, dos recursos minerais, energia, indústria, da formação de recursos humanos com acesso a conhecimento científico e tecnológico que o vosso país nos pode proporcionar”, frisou, dirigindo-se ao seu homólogo.
Angola, realçou, “é um país aberto ao mundo e, por isso, sempre disponível ao desenvolvimento de parcerias económicas, técnica e científica com todas as nações do nosso planeta”. Recordou que Angola e Brasil partilham a mesma língua, cultura, hábitos e costumes e o mesmo clima, sendo países tropicais em vias de desenvolvimento e com grande potencial em recursos humanos, terra, água, florestas e uma gama diversificada de minérios.
“A nossa luta comum é a de dar o melhor aproveitamento possível a todo esse grande potencial existente, transformá-lo em riqueza real para o benefício dos nossos povos, reduzir a pobreza, o analfabetismo, a fome e a miséria. Estamos todos empenhados em aumentar a oferta de emprego, de habitação, de cuidados primários de saúde, de ensino e educação”, notou.
De acordo com o Presidente angolano, o Brasil constitui um aliado natural para Angola. A parceria estratégica assinada entre ambos os países em 2010 deve por isso “ser revitalizada” para se imprimir “uma nova dinâmica nas relações de cooperação bilateral”, destacou.
João Lourenço agradeceu ao Brasil por ter disponibilizado no passado uma linha de financiamento, que disse ter contribuído bastante para a construção de infraestruturas em vários setores importantes do país, tendo a dívida sido “completamente liquidada dentro dos prazos acordados”.
Além do interesse em negociar uma nova linha de crédito, defendeu a criação, por parte do Brasil, de um fundo de apoio ao investimento privado a ser usado por empresários interessados em realizar negócios em Angola, que tem hoje um ambiente de negócios “saudável”. Lula da Silva cumpre esta sexta o primeiro de dois dias de visita oficial a Angola. Angola e Brasil mantêm relações de cooperação há quase 50 anos.
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