Transformar os espaços de comércio rumo à mobilidade elétrica

  • José Sacadura
  • 29 Agosto 2023

É urgente que os espaços de comércio e serviços deem os passos necessários no sentido de ficarem em conformidade com a lei.

A transição para a mobilidade elétrica é uma necessidade incontestável, e o governo português deu um passo importante nesse sentido com o estabelecimento do Decreto-Lei n.º 101-D/2020. Este decreto determina a obrigatoriedade de criar pelo menos 2 pontos de carregamento para veículos elétricos em todos os edifícios de comércio e serviços com mais de 20 lugares, a partir de 31 de dezembro de 2024. No entanto, apesar da existência desta legislação e das datas concretas estabelecidas, é urgente que os espaços de comércio e serviços deem os passos necessários no sentido de ficarem em conformidade com a lei e conseguirem acompanhar a evolução desta área e as reais necessidades dos utilizadores de carros elétricos.

Ainda assim, a meu ver, esta lei peca pois não diferencia estabelecimentos com 20 lugares daqueles com 200 lugares. A implementação de pontos de carregamento deveria ser escalonada consoante o maior número de lugares existentes no parque. Desta forma ao entrar num parque de grande dimensão terei maior probabilidade de carregar o meu veículo.

O prazo estabelecido por este decreto-lei pode parecer distante, mas a realidade é que está cada vez mais próximo. É crucial que os espaços de comércio e serviços compreendam a importância desse prazo e ajam de imediato para garantir a conformidade com a legislação. Adiar a adoção das medidas necessárias poderá resultar em custos mais elevados e dificuldades na instalação dos pontos de carregamento.

No que toca à mobilidade elétrica, acredito que apenas com uma visão holística de todo o negócio é que os espaços de comércio e serviços conseguirão ser bem-sucedidos. Adotando o conceito de “destination charging” e promovendo a simplificação de comodidade do ato de carregar um veículo elétrico, possibilitando, por exemplo, que o carro possa ser comodamente carregado no parque de estacionamento do meu centro comercial favorito, enquanto disfruto de umas horas de lazer com a família. Além de tornarem a mobilidade elétrica mais conveniente e acessível, os espaços que implementam este conceito podem beneficiar da atração de novos clientes, do aumento do tempo de permanência e da promoção da sua imagem como negócio sustentável.

É importante enfatizar que sem uma infraestrutura de carregamento adequada, os proprietários de veículos elétricos enfrentam desafios em termos de autonomia, o que desencoraja a adoção em massa da transição para a mobilidade elétrica. Assim, é fundamental que os espaços de comércio e serviços comecem a adotar medidas para estarem em conformidade com a lei e, ao mesmo tempo, contribuírem para a construção da infraestrutura e incentivarem a transição.

Acredito que a correta implementação do decreto irá trazer benefícios significativos para estes estabelecimentos, além de impulsionar a adoção de veículos elétricos e contribuir para um futuro mais sustentável. Não podemos subestimar a importância deste tema e a urgência de agir agora. A mobilidade elétrica é uma realidade iminente, e todos devemos estar preparados para abraçá-la o quanto antes.

  • José Sacadura
  • Cofundador e general manager da Powerdot em Portugal

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