Novo contrato coletivo no setor do calçado aumenta salários em 4,2%
APICCAPS assinou um novo contrato coletivo de trabalho com o Sindicato das Indústrias e Afins que altera algumas cláusulas contratuais e aumenta em 4,2% a massa salarial do setor.
A associação patronal do calçado APICCAPS assinou um novo contrato coletivo de trabalho com o Sindicato das Indústrias e Afins (SINDEQ) que altera algumas cláusulas contratuais e aumenta em 4,2% a massa salarial do setor.
Em declarações à Lusa, o diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) salientou que a associação “reconhece a importância da renovação do contrato coletivo de trabalho para a regulação do setor e para assegurar o bem-estar e a qualificação dos trabalhadores”.
Isto, acrescentou Paulo Gonçalves, “não obstante a economia mundial dar fortes sinais de abrandamento, a perspetiva de uma longa guerra na Ucrânia e o aumento generalizado dos preços, ao qual acresce o reforço do clima de forte incerteza geopolítica num setor em que 88% da produção é assegurada por países asiáticos”.
Segundo a APICCAPS, “a abertura do SINDEQ permitiu chegar a uma plataforma de entendimento que assegurasse as condições indispensáveis para garantir a sustentabilidade das empresas e valorizar os trabalhadores, elementos fundamentais para o progresso de um setor que exporta mais de 95% da sua produção para todo o mundo”.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do gabinete de estudos da APICCAPS, a fileira de calçado e artigos de pele terminou 2022 com um total de 40.730 trabalhadores, tendo contratado mais 2.737 pessoas face ao ano anterior, o que se traduziu num aumento de 7,2% do emprego na fileira. O setor do calçado foi o que mais postos de trabalho criou na fileira: ao contratar 1.478 novos trabalhadores ao longo de 2022, aumentou o emprego em 4,8%, para um total de 32.292.
Já o setor de componentes para calçado terminou 2022 com 5.114 trabalhadores, mais 659 do que no final de 2021 (crescimento de 14,8%). O maior crescimento ocorreu, contudo, no setor de artigos de pele e marroquinaria, onde o emprego aumentou 22%, para 3.324 trabalhadores, em resultado da criação de 600 novos postos de trabalho em 2022.
Segundo destaca a APICCAPS, “no espaço de uma década, o emprego neste subsetor da fileira triplicou”.
Tendo por base dados da Comissão Europeia que sugerem que, até 2030, a indústria europeia da moda vai necessitar de 500 mil novos trabalhadores, a APICCAPS recorda estar a empreender um “Roteiro do Conhecimento” pelas escolas, de modo a preparar as gerações do futuro.
Nesse sentido, foram identificadas 86 escolas em Felgueiras, Guimarães, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira que, desde maio passado, estão a ser alvo de iniciativas pedagógicas. Numa primeira fase, as ações dirigem-se aos alunos do 1.º ciclo e pretendem “divulgar o potencial da indústria do calçado”, “valorizar o território e atividades locais” e “potenciar a indústria local”. Já a partir de outubro, serão abordados os alunos do 2.º e 3.º ciclo.
De acordo com a associação, este “Roteiro do Conhecimento” terá uma duração de três anos e enquadra-se no Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, que pretende transformar a indústria de calçado na “referência internacional e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”.
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