Governo espanhol avalia “autonomia estratégica” após entrada de sauditas na Telefónica
"A Telefónica é evidentemente uma empresa estratégica para o nosso país", disse a ministra Calviño, que promete ter "em mente e de forma prioritária, a defesa dos interesses estratégicos de Espanha".
A empresa saudita STC tornou-se na terça-feira na maior acionista da multinacional espanhola Telefónica, tendo o Governo de Madrid assegurado que vai zelar pela preservação da “autonomia estratégica” do país face a esta operação.
A STC Group (Saudi Telecom Company), detida em 64% por fundos de investimento públicos da Arábia Saudita, comunicou na terça-feira às autoridades do mercado de valores de Espanha a aquisição de 9,9% da Telefónica, por 2.100 milhões de euros. A operação fez-se através da compra de ações da Telefónica equivalentes a 4,9% do capital e de instrumentos financeiros que correspondem a mais 5%.
A Telefónica, uma multinacional espanhola do setor das telecomunicações, disse que a operação da STC teve um “caráter amistoso”. A empresa da Arábia Saudita garantiu, num comunicado, não ter intenção de controlar ou de ter uma participação maioritária na Telefónica e que fez um investimento que mostra confiança na equipa que dirige a multinacional e na sua estratégia.
A concretização da operação depende de uma autorização do Governo espanhol e, em concreto, do Ministério da Defesa, por a Telefónica prestar serviços ligados a atividades da defesa nacional e por estar em causa o controlo de mais de 5% do capital. Três ministras do Governo espanhol disseram hoje, em relação a esta operação, que o executivo vai zelar pela preservação da “autonomia estratégica” do país.
“A Telefónica é evidentemente uma empresa estratégica para o nosso país e o Governo aplicará todos os mecanismos que forem necessários, tendo sempre em mente e de forma prioritária, a defesa dos interesses estratégicos de Espanha”, disse a ministra da Economia e primeira vice-presidente do Governo, Nadia Calviño.
A ministra acrescentou que o Governo, liderado pelo partido socialista, vai analisar a operação e a eventual aplicação, em caso de se justificar, de mecanismos adotados nos últimos anos pelo executivo “com o objetivo de proteger os interesses estratégicos de Espanha, mas ao mesmo tempo continuar a ter o país como um polo de atração de investimento estrangeiros”.
Calviño referia-se a legislação adotada por Espanha para proteger empresas consideradas estratégicas que ficaram fragilizadas com o impacto da pandemia de covid-19. Também a ministra porta-voz do Governo, Isabel Rodriguez, sublinhou que “o Governo vai zelar, obviamente, pela autonomia estratégica de Espanha com absoluta normalidade”, existindo “canais” para o fazer.
A ministra do Trabalho, que é também segunda vice-presidente do Governo e líder do partido Somar, escreveu no X (antes Twitter), que é essencial preservar a autonomia estratégica do país. “Espanha deve assegurar a tomada de decisões em empresas como a Telefónica, guardiãs de dados sensíveis. É necessária uma melhor regulação e uma proteção para evitar OPAs [oferta pública de aquisição]. Devemos proteger o nosso futuro digital”, escreveu Yolanda Diaz.
A STC é a maior empresa de telecomunicações da Arábia Saudita e líder no setor no Reino Unido e Médio Oriente.
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