Bruxelas dá más notícias para a carteira das famílias
Além de prever uma subida de quase 30% da eletricidade e do gás natural em 2024, a Comissão Europeia reviu em alta a cotação do petróleo e a taxa Euribor, que serve de referência ao crédito da casa.
O último ano tem sido particularmente doloroso para a gestão do orçamento das famílias portuguesas. Se, por um lado, a taxa de inflação permanece em níveis bem acima do que era observado antes de 2021, as famílias com crédito à habitação assistiram também à quase duplicação da prestação da casa por conta da galopante subida das taxas de juro.
A repentina e forte subida do custo de vida gerou amplos desafios às famílias. E o pior é que, segundo as novas previsões da Comissão Europeia, este tempo está longe de passar à história, pelo contrário. Há o sério risco de até se assistir ao agravamento de algumas situações, nomeadamente para quem tem crédito à habitação.
A taxa Euribor a 3 meses, por exemplo, que serve de indexante a 23% dos contratos de empréstimo à habitação, apresenta uma taxa média em 2023 de 3,21% e de 2,85% no último ano. Segundo as novas previsões da Comissão Europeia, publicadas na segunda-feira, a taxa Euribor a 3 meses média este ano será de 3,4% (mais 10 pontos base face à anterior previsão dos analistas) e de 3,6% em 2024.
Num crédito à habitação de 150 mil euros a 30 anos, indexado à Euribor a 3 meses e com um spread de 1%, o desfasamento das previsões de Bruxelas para a Euribor a 3 meses face à taxa média registada este ano, traduz-se numa diferença de 17 euros por mês em 2023 e de 35 euros em 2024.
Fatura com energia não baixa no próximo ano
Sem detalhar dados para Portugal, Bruxelas antecipa que a inflação continue a desacelerar nos próximos meses, fechando este ano com uma taxa média de 5,6% (20 pontos base abaixo das previsões feitas na primavera) e nos 2,9% em 2024 (10 pontos base acima das anteriores previsões).
“A moderação da inflação deverá ser sustentada pela contração das margens de lucro das empresas, o que constitui um amortecedor para o forte crescimento do custo do trabalho”, refere a Comissão Europeia no relatório, sublinhando que “a contribuição dos preços da energia deverá ser negativa em 2023, mas deverá tornar-se positiva em 2024.”
Para as famílias que utilizam um automóvel a combustão para se deslocar diariamente, isto significa que a fatura com a gasolina ou o gasóleo não deverá baixar este ano nem no próximo. Bruxelas reviu em 7,2% o preço do barril de petróleo para este ano, face às previsões que fez na primavera, colocando agora o Brent a negociar nos 81,8 dólares.
Para 2024, as previsões da Comissão Europeia também foram revistas em alta, desta vez em 12,6%, com o barril de petróleo a negociar nos 81,2 dólares. Em qualquer uma das situações, trata-se de um valor acima do preço médio de 80,95 dólares que o barril apresenta em 2023 até este momento, segundo dados da Refinitv.
Na gestão do orçamento familiar, os próximos tempos não prometem um grande desafogo. Desde logo no que concerne as contas dos gás e da luz, que continuarão a exigir alguma elasticidade por parte das famílias.
Apesar de Bruxelas ter revisto em baixa os preços da eletricidade e do gás natural, tanto para 2023 como para 2024, face às anteriores previsões publicadas na primavera, os analistas da Comissão Europeia antecipam que, entre 2023 e 2024, o preço da eletricidade aumente 28,7% e o preço do gás natural suba 27,1%, nos mercados internacionais.
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