Seriam necessários 1.030 novos hotéis para acolher os turistas do alojamento local
Em Lisboa teriam de ser construídos 211 novos hotéis e no Porto 168, a que se somaria 169 unidades na região do Algarve, conclui um estudo pedido pela Associação do Alojamento Local (ALEP) à Nova SBE.
Para acolher todos os turistas que dormem em unidades de alojamento local (AL) seria necessário construir 1.030 hotéis em todo o país. Em Lisboa, teriam de ser erguidas 211 unidades hoteleiras e no Porto um total de 168, menos uma do que na região do Algarve.
Os números indicam que seria necessário “aumentar a oferta hoteleira em mais de 50% para que o setor da hotelaria tradicional pudesse albergar todos os turistas que se hospedaram em AL”.
Esta é uma das conclusões do estudo pedido pela Associação do Alojamento Local (ALEP) à Nova SBE, que faz a “Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal” e que é assinado pelos economistas Pedro Brinca, João Bernardo Duarte e João Pedro Ferreira.
“Não há camas”, sublinha Pedro Brinca, que salienta ainda que em 2019 estavam em funcionamento em Portugal 1.923 hotéis (110 no Porto, 224 em Lisboa e 409 no Algarve). E mantendo o rácio de dormidas por hotel, se o alojamento local desaparecesse seriam necessárias 1.030 novas unidades hoteleiras para acolher os turistas.
Com estes números, o estudo refere que “não é possível sustentar o contributo do turismo para a economia portuguesa sem AL”, mesmo através de um “aumento das taxas de ocupação na hotelaria, nem através da construção de novos hotéis”. É que, mesmo subindo a taxa de ocupação para “valores inéditos”, ficaria “sempre limitada a menos de 15 milhões de dormidas”, abaixo dos 38 milhões de dormidas registadas entre 2019 e 2022.
O estudo – que tem como base um inquérito realizado a 1.820 proprietários e gestores – revela ainda que o alojamento local é uma realidade em todo o país, com 74% das novas licenças de AL fora de Lisboa ou Porto. Traçando um perfil do proprietário, o relatório indica que o setor é “muito fragmentado e de perfil de autoemprego” com 80% dos titulares a ter entre uma a três unidades e 46% a ter um rendimento inferior a mil euros mensais. Para 39% dos proprietários, o alojamento local gera 60% do orçamento familiar.
Com as medidas previstas no Mais Habitação, “um número considerável” de proprietários tem a intenção de reduzir os novos investimentos e “a maioria” dos titulares de AL não vai “colocar a propriedade no mercado de arrendamento”, com apenas 13% a considerarem essa possibilidade.
Como solução alternativa, 57% dos proprietários de AL consideram o arrendamento de médio e longo prazo a estrangeiros e cerca de metade vai optar por usar o imóvel como segunda habitação.
Com base em números de 2019, o estudo contabiliza que o setor seja responsável por 306.096 empregos diretos e indiretos (o que representa 6,18% do total nacional). Ou seja, cada alojamento local cria “quase quatro empregos”, especifica.
Já no que respeita ao Produto Interno Bruto (PIB), a contribuição das despesas de turistas que ficaram hospedados em alojamentos locais em 2019 chegou aos 9,9 mil milhões de euros (4,64% do PIB nacional).
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