Rússia expulsa diplomatas dos EUA por alegada espionagem, EUA vão ripostar
"As atividades ilegais da missão diplomática norte-americana, incluindo a ingerência nos assuntos internos do país anfitrião, são inadmissíveis", indica o ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
A Rússia anunciou esta quinta-feira a expulsão de dois diplomatas norte-americanos, acusados de envolvimento em espionagem, e os Estados Unidos já condenaram a decisão “injustificada” de Moscovo, prometendo “ripostar” na altura devida. Os dois diplomatas norte-americanos foram acusados de servir como agentes de “ligação” a um ex-funcionário russo detido no início do ano e suspeito de ter transmitido aos Estados Unidos informações sobre a guerra na Ucrânia.
De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo, os dois diplomatas declarados personae non gratae são o primeiro e o segundo secretários da embaixada norte-americana em Moscovo, Jeffrey Sillin e David Bernstein. Eles “devem abandonar o território russo num prazo de sete dias”, precisou o ministério russo num comunicado.
Os diplomatas norte-americanos “levaram a cabo atividades ilegais ao assegurar a ligação com um cidadão russo, Robert Chonov, acusado de cooperação confidencial com um Estado estrangeiro” e a quem “foram confiadas missões em troca de uma remuneração financeira com o objetivo de atentar contra a segurança nacional da Rússia”, acusou o MNE russo.
A embaixadora norte-americana em Moscovo, Lynne Tracy, foi esta quinta convocada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo para lhe ser comunicada a decisão, segundo a mesma fonte. “As atividades ilegais da missão diplomática norte-americana, incluindo a ingerência nos assuntos internos do país anfitrião, são inadmissíveis”, declarou ainda a diplomacia russa.
Estas expulsões ocorrem numa altura em que as relações bilaterais entre Rússia e os Estados Unidos se encontram num dos seus pontos mais baixos, por Washington ser um dos principais apoiantes financeiros e militares da Ucrânia, país onde Moscovo trava uma guerra de agressão desde fevereiro de 2022.
Robert Chonov, ex-funcionário do Consulado-Geral norte-americano de Vladivostok, no Extremo Oriente, foi indiciado no final de agosto pelos serviços de segurança russos. Acusado de ter recolhido desde setembro de 2022, por conta da diplomacia norte-americana, informações sobre a ofensiva na Ucrânia e a mobilização militar, Chonov incorre numa pena de oito anos de prisão.
Em declarações à imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, afirmou: “Esta expulsão injustificada do nosso pessoal diplomático não tem qualquer fundamento”. Repetia, assim, o que a embaixada dos Estados Unidos em Moscovo fizera pouco antes: condenou num comunicado o que classificou como uma decisão infundada das autoridades russas e prometeu uma resposta.
“Reiteramos o nosso protesto veemente contra as constantes tentativas do Governo russo de intimidar e perseguir os funcionários da embaixada dos Estados Unidos”, declarou a embaixadora, criticando Moscovo por “escolher o confronto e a escalada”. Nos últimos anos, registaram-se muitas expulsões recíprocas de diplomatas entre a Rússia e os países ocidentais, antes mesmo da guerra na Ucrânia.
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