Mota-Engil entra na construção de barragem gigante no Quénia

Empresa portuguesa envolvida em parceria público-privada (PPP) de 2,72 mil milhões de euros para construir barragem e central hidroelétrica no Quénia, onde já explora duas concessões rodoviárias.

É mais um negócio de grandes dimensões para a Mota-Engil em África. O grupo português integra o consórcio que está em conversações com o Governo do Quénia para a construção de uma barragem com um custo estimado de 2,72 mil milhões de euros, em regime de parceria público-privada (PPP), e que será um dos maiores reservatórios de água do continente africano.

Além desta barragem com um volume estimado de 5,6 mil milhões de metros cúbicos, suficiente para irrigar quase 162 mil hectares, o consórcio liderado pela GMB Minerals Engineering Consultans e que inclui ainda a também britânica PJA e a empresa turca Kolin, vai igualmente instalar uma central hidroelétrica com capacidade para gerar perto de 1.000 megawatts.

A barragem de High Grand Falls vai atravessar o rio mais extenso do país (Tana) e começar a ser construída no final de 2025, com o Ministério do Ambiente a referir, num comunicado oficial citado pela agência Bloomberg, que as autoridades quenianas vão atribuir uma concessão de 30 anos para que este grupo de empresas possa “recuperar o investimento”.

Esta infraestrutura faz parte do plano do presidente William Ruto, no cargo desde setembro de 2022, de construir uma centena de barragens com recurso a PPP com o objetivo de melhorar a segurança hídrica e estimular a produtividade agrícola. É o segundo maior contrato neste país, a seguir à ligação ferroviária entre o porto de Mombasa e a cidade de Naivasha, a oeste de Nairobi, no valor de 4,72 mil milhões de euros e construída com financiamento chinês.

Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil

Este projeto vai consolidar a presença no Quénia do grupo liderado desde janeiro por Carlos Mota Santos, depois de em março de 2022 a Mota-Engil África ter concluído o financiamento para duas concessões rodoviárias por um período total de dez anos. Em causa está um contrato fechado com a Autoridade Queniana de Estradas Urbanas (KURA) relativo a dois lotes no valor aproximado de 119 milhões de euros e que inclui os custos de construção, de financiamento e de manutenção.

Já este ano, a Mota-Engil reforçou este portefólio de PPP rodoviárias no continente africano, que integra também as Estradas do Zambeze, em Moçambique, ao assinar contratos de concessão por 25 anos de duas autoestradas da Nigéria, em consórcio com a AfricaFinanceCorporation (AFC), num investimento inicial a rondar os 240 milhões de euros, segundo reportou em junho à CMVM.

Por outro lado, no mês passado engrossou a carteira de encomendas no segmento de serviços de engenharia industrial em África com a assinatura de dois contratos de prestação de serviços na África do Sul (mina de zinco, com uma subsidiária da Vedanta Zinc International) e no Senegal (extração de ouro, com o grupo Managem) no valor agregado de 945 milhões de euros. Em 2022, África representa 51% dos negócios do grupo sediado no Porto, seguida da América Latina (33%).

A construtora registou lucros de 29,8 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2023, um aumento de 154% face a igual período do ano passado. Esta melhoria deu-se num período em que o volume de negócios cresceu quase 89%, para 2,56 mil milhões de euros em vendas e prestações de serviço, atingindo um recorde para um primeiro semestre devido à execução da “elevada” carteira de encomendas.

Aliás, a empresa criada há 74 anos em Amarante por Manuel António da Mota, e que em 2021 passou a ter como acionista (32,41%) a China Communications Construction Company (CCCC), a quarta maior construtora do mundo, aproveitou a mais recente comunicação de resultados ao mercado para rever em alta, para cinco mil milhões de euros, o volume de negócios estimado para o final deste ano.

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