Exclusivo Maior negócio de malparado do ano: LX Partners vende 4,2 mil milhões em ativos tóxicos e plataforma Algebra em Portugal
Será o maior negócio no mercado de malparado este ano em Portugal: a LX Partners colocou à venda a Algebra e os ativos tóxicos de 4,2 mil milhões de euros que comprou à banca nos últimos anos.
O mercado de malparado em Portugal arrefeceu consideravelmente este ano. Há menos carteiras à venda e os portefólios são mais reduzidos em relação às transações que aconteceram nos últimos anos. Mas entrou agora no radar dos investidores uma nova operação que será a maior deste ano. O fundo LX Partners está a vender os seus ativos de 4,2 mil milhões de euros e o servicer Algebra Capital, de acordo com várias fontes do mercado.
O nome de “código” deste projeto é “Cascais”, um processo que está a ser conduzido pela KPMG. Os investidores já estão a ser sondados. Em causa estão ativos problemáticos que a LX Partners adquiriu nos últimos anos à banca portuguesa, com um valor bruto de 4,2 mil milhões de euros, dos quais quatro mil milhões dizem respeito a crédito unsecured (sem garantias) e outros 200 milhões a crédito secured (com garantias).
Além dos ativos, que poderão estar avaliados entre 200 milhões e 300 milhões de euros, a LX Partners também está a vender o servicer responsável pela gestão desta carteira, a Algebra Capital. Uma das fontes adiantou ao ECO que a plataforma está a libertar cerca de cinco milhões de euros por ano em resultados para o acionista, o que servirá de referência para o valor a pagar pela empresa.
A LX Partners, com sede no Luxemburgo, e a Algebra não responderam às questões colocadas pelo ECO até à publicação deste artigo, apesar das insistências.
Mercado “muito morno”
A venda do negócio de malparado em Portugal por parte da LX Partners surge numa altura de grande arrefecimento do mercado. “Está muito morno, está”, observou uma das fontes contactadas pelo ECO.
As poucas carteiras que têm saído este ano são de valor reduzido, raramente superando os 100 milhões de euros. Um dos maiores processos será mesmo aquele que o Banco Montepio tem em curso, relativo a um portefólio de ativos problemáticos avaliados em cerca de 230 milhões de euros, incluindo dívida going concern, cash in court, entre outros, como revelou o ECO esta quinta-feira.
O ano de 2022 trouxe uma quebra de quase 50% nas vendas de malparado, atingindo os 1,7 mil milhões de euros, de acordo com os dados da Prime Yield. O mercado português poderá deparar-se com um novo afundanço este ano, depois de alguns anos muito intensos em resultado da forte limpeza dos balanços por parte dos maiores bancos.
Malparado em mínimos
Fonte: Banco de Portugal e APB; 2023 com dados referentes ao segundo trimestre.
Banca ainda tem 9,7 mil milhões de NPL
Há cinco anos, o sistema bancário ainda se defrontava com 31,8 mil milhões de euros em NPL (non performing loans), correspondendo a 13,6% do total do crédito. O rácio caiu para 3,1% no final de junho, abaixo do “número mágico” de 5%, totalizando os 9,7 mil milhões, de acordo com os dados disponibilizados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal. Em termos líquidos de imparidades, os NPL ascendiam a 4,2 mil milhões.
São valores que dão algum conforto aos bancos num momento em que a escalada da inflação e das taxas de juro ainda não tem feito muitas vítimas, embora várias entidades oficiais, incluindo reguladores e agências de rating, tenham lançado alertas para reforçar a monitorização da evolução da qualidade de crédito.
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