Portugal tem de crescer muito mais para criar emprego qualificado para os jovens, diz Marcelo
"Para haver emprego, quer dizer que temos de crescer muito mais. O crescimento da nossa economia não é suficiente para criar o emprego ao nível das qualificações dos nossos jovens", disse Marcelo.
O Presidente da República defendeu esta quinta-feira que a economia portuguesa tem de “crescer muito mais” para criar emprego ao nível das qualificações dos jovens e contribuir para que, se quiserem, fiquem no país.
Marcelo Rebelo de Sousa abordou este tema durante uma conversa com alunos de escolas secundárias do concelho de Oeiras, no auditório do Taguspark, em que também disse que “a democracia portuguesa envelheceu” e apelou a que haja mais jovens candidatos às várias eleições em Portugal.
Interrogado sobre o que é preciso fazer para evitar a saída de jovens qualificados de Portugal, o chefe de Estado respondeu: “Para quem quiser ficar, e enquanto quiser ficar, e para poder regressar, quando quiser regressar, primeiro, é preciso que haja emprego”.
“Para haver emprego, quer dizer que temos de crescer muito mais. O crescimento da nossa economia não é suficiente para criar o emprego ao nível das qualificações dos nossos jovens hoje”, considerou. O Presidente da República referiu que os jovens de hoje têm qualificações que não se comparam às de “há 10 anos, de há 20, 30, 40 anos” e “não podem estar sujeitos a ir fazer coisas que não correspondem àquilo que se prepararam para fazer – é um desperdício nacional”.
Para o chefe de Estado, outro fator importante para reter jovens qualificados no país é haver “uma repartição mais justa de rendimentos”, que implica “melhorar na coesão territorial”, assim como, “para quem não quer viver toda a vida em casa dos pais”, o “acesso à habitação”.
“Neste momento para os jovens eu sei que há medidas que o Governo já anunciou, outras que vai anunciar, outras vão ser tomadas”, ressalvou. Na sua opinião, “a realidade social portuguesa mudou muito, mudou de forma muito rápida, e as estruturas do poder e a capacidade de resposta foram sempre atrás dos acontecimentos”, o que “não é culpa do Governo A, B, C ou D”, mas “de todos os responsáveis ao longo do tempo”.
Esta conversa de Marcelo Rebelo de Sousa com alunos do ensino secundário aconteceu no fim de uma sessão de lançamento do projeto “Dia da Democracia” que a Câmara Municipal de Oeiras irá levar a escolas do concelho, com o apoio da Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social.
No início desta sessão, o presidente da Sedes, Álvaro Beleza, fez uma curta intervenção, em que declarou: “Vamos pôr na agenda a possibilidade de vocês votarem aos 16 anos. Em vez de atirar ovos verdes, votem, metam-se nos partidos políticos, participem na vida política”.
A seguir, nas respostas às perguntas dos alunos, o Presidente da República não falou sobre a idade mínima para votar, mas questionou a “resistência tão generalizada” à introdução do voto eletrónico e apelou a que haja “um peso real dos jovens em todas as candidaturas” em Portugal, nas eleições autárquicas, legislativas e europeias.
“Não me quero pronunciar sobre a Presidência da República, mas por que não a Presidência da República? Contra mim falo. Aliás, foi um dos argumentos por que eu hesitei muito, muito, em recandidatar-me”, acrescentou. Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que não tencionava recandidatar-se nas presidenciais de janeiro de 2021, “não fora a pandemia” de covid-19, porque “achava que tinha cumprido, já no limite da idade, no fim da carreira, uma função durante cinco anos”.
“Achava que esticar por mais cinco anos podia dar ou não dar, e era pena que não houvesse mais candidatos, a partir dos 35 anos”, afirmou.
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