“O aperto financeiro não está concluído”, alerta Centeno

Mesmo que as taxas diretoras estabilizem, a "taxa de juro real vai continuar a aumentar", avisa o governador do Banco de Portugal.

O governador do Banco de Portugal alerta que, mesmo que as taxas de juro estabilizem, vão continuar a produzir efeitos pelo que “o aperto financeiro não está concluído”. Na apresentação do boletim económico de outubro, que revê em baixa as previsões de crescimento económico, Mário Centeno aponta assim que é necessário “ter alguma cautela com decisões no futuro próximo”.

A taxa de juro real vai continuar a aumentar porque a inflação está a cair, e mesmo com os juros nominais estáveis, a taxa real vai aumentar, pelo que o aperto financeiro não está concluído”, avisa Mário Centeno. Por isso, “temos de ter alguma cautela com decisões no futuro próximo”, alerta.

O aviso também se aplica aos bancos, “cujo ciclo de resultados parece ser bastante favorável”, admite Centeno. “Requer-se neste momento que cuidem do que são os créditos que concederam, aproveitem este momento para criar almofadas para poder fazer face a incertezas e evolução da política monetária”, aconselha o governador.

Apesar da desaceleração dos preços, o governador do banco central alerta também que “os tempos da inflação muito baixa são passado“. “Temos de nos habituar a que é normal que os preços subam idealmente 2% por ano”, defende.

As projeções do Banco de Portugal para a inflação, medida pela variação do Índice harmonizado de preços no consumidor, são de 5,4% em 2023, uma revisão em alta face aos 5,2% estimados em junho, recuando para 3,6% em 2024 e 2,1% em 2025.

Sobre os impactos da inflação na política orçamental, o ex-ministro das Finanças aponta que “quando há um choque inflacionista inesperado, quem tem dívida fica sempre a ganhar: é o momento mais fácil de fazer reduzir a dívida em percentagem do PIB”. Já o “efeito dos juros é lento e faz-se sentir de forma lenta”.

Desta forma, considera que “é preciso ter alguma cautela quando se usam expressões como folgas”, nomeadamente para medidas que “nos podemos vir a arrepender” e apela a que o “equilíbrio seja preservado”. Mesmo assim, “as políticas familiares sobre consumo e dívida devem ser geridas tendo presente que a situação é muito resiliente, e mostrou muita robustez”.

O responsável foi também questionado sobre a análise que publicou no Banco de Portugal, e que será divulgada com periodicidade anual, ao que respondeu que “era o que faltava que o governador que se senta em Frankfurt não pudesse partilhar a opinião com portugueses, que não é nada cor de rosa, é um conjunto de factos e desafios difíceis que a economia portuguesa tem de ultrapassar”.

(Notícia atualizada às 13h20)

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