Economia trava no final do ano com contração da indústria
A previsão do barómetro da CIP e ISEG para o crescimento anual do PIB em 2023 foi revista em baixa para um intervalo entre 2,0% a 2,4%.
A economia portuguesa atravessa um momento de arrefecimento, com as receitas do turismo a desacelerar, a indústria em contração e um fraco crescimento nominal no volume de negócios dos serviços, de acordo com o barómetro da conjuntura económica realizada pelo CIP e pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). A previsão do barómetro para o crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 foi revista em baixa para um intervalo entre 2% e 2,4%.
Quanto aos principais setores analisados, os sinais são de contração na indústria, crescimento na construção — indiciado pelo maior consumo de cimento –, crescimento relativamente estável e moderado no volume de negócios no comércio a retalho e um fraco crescimento nominal do volume de negócios nos serviços, o que, na ótica da CIP, é um “sinal de alarme que tem de ser levado em conta nas próximas políticas públicas a apresentar pelo Governo”.
O barómetro publicado esta quarta-feira antecipa a perda de velocidade da economia nacional no terceiro trimestre. O barómetro aponta “para um crescimento em cadeia no terceiro trimestre ‘entre o ligeiramente positivo e o ligeiramente negativo’, prevendo a mesma trajetória para o quarto trimestre – o que são notícias preocupantes para a economia portuguesa, que atravessa um evidente momento de arrefecimento”, lê-se no comunicado. O Banco de Portugal no Boletim Económico, divulgado esta quarta-feira é mais taxativo e estima uma contração do PIB, no terceiro trimestre, quando comprado com os três meses anteriores.
O estudo da CIP alerta para o “enquadramento externo recessivo que necessariamente irá penalizar o crescimento da economia portuguesa através da procura externa”. A subida das taxas de juros pelo Banco Central Europeu “está a provocar uma travagem na Zona Euro, impactando as previsões de crescimento para este ano e também para o próximo, o que terá de ter consequências no Orçamento do Estado que será apresentado na próxima semana”.
Esta antecipação está em linha com o Banco de Portugal que reviu em baixa as projeções para o crescimento do PIB este ano de 2,7% para 2,1%, devido ao comportamento das exportações e do consumo privado.
“A travagem da economia nacional está em curso, como a CIP antevira ainda antes do verão. O Barómetro CIP/ISEG confirma-o sem margem para dúvidas, bem como o confirmam outros indicadores recolhidos pela CIP junto dos empresários. A venda de maquinaria, que nos serve como uma espécie de indicador avançado do clima económico, perdeu velocidade ao longo dos últimos meses, já que os empresários se estão a preparar para um cenário mais difícil ou até adverso em 2024“, realça Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, em comunicado.
Perante o cenário adverso, a CIP deixa um apelo e pede ao Governo para “proteger os trabalhadores e as empresas sem tibiezas e isso tem de ficar bem claro no OE2024”.
A publicação, divulgada esta quarta-feira, inclui também o índice de confiança dos consumidores que desceu de forma ligeira em agosto, interrompendo oito meses de subidas, desde os mínimos de novembro de 2022.
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