O elefante na sala só fica se tiver eficiência energética
A adoção de práticas sustentáveis, como a utilização das mais recentes tecnologias e práticas de armazenamento de dados, beneficiam financeiramente as empresas.
Russ Kennedy escreveu recentemente na Forbes que o amadurecimento das tecnologias de nuvem e do ecossistema na sua órbita estão a elevar o modo como olhamos para o armazenamento de dados. Se, para qualquer empresa, até recentemente, esta era considerada meramente como uma necessidade de primeira instância, este impulsionar disruptor mudou o prisma, sendo agora muitas vezes encarado como uma “tecnologia estratégica”. Prevalece, ainda assim, a questão: porque é que o armazenamento de dados é importante na transição energética?
Comecemos pelo início: há centenas de anos que qualquer empresa, seja ela de grande ou pequena dimensão, anseia por sucesso. Isto é, obter lucro, conquistar uma parcela significativa do mercado, conseguir a confiança dos seus clientes e desenvolver novos produtos ou serviços. Porém, em 2023, esta definição de sucesso está desatualizada e há outros fatores a ter em consideração, caso as empresas queiram, de facto, alcançá-lo. Os novos elementos passam pela responsabilidade social e ambiental – práticas éticas de negócio, sustentabilidade ambiental e contribuições para a comunidade –, e pela promoção de uma cultura organizacional sustentável.
A tecnologia evoluiu de dispositivos mecânicos para sistemas mais avançados, contribuindo para uma redução significativa no consumo de energia do armazenamento e, consequentemente, da pegada ecológica. As várias alternativas de armazenamento de dados que foram surgindo, entre elas o armazenamento em nuvem, vieram facilitar a conservação da informação em espaços cada vez mais pequenos.
Há dez anos, a quantidade de espaço necessária para ter 1TB [terabyte] de informação era praticamente o dobro. Atualmente, as empresas podem recorrer ao armazenamento em nuvem para guardar informação e aceder-lhe sempre que precisam. Este tipo de armazenamento destaca-se pela possibilidade de poder ser acedido a partir de qualquer dispositivo conectado à internet, pela capacidade ilimitada de espaço e pelo facto de ter transformado o armazenamento num serviço – tornando os custos de investimento incertos em custos operacionais previsíveis. Ao invés de comprar hardware de armazenamento, as empresas podem aumentar a sua capacidade na nuvem, conforme as necessidades crescem, reutilizando o equipamento e reduzindo os custos associados.
Uma das razões pelas quais as multinacionais estão em constante conversação com os seus fornecedores de energia é para garantirem que a sua energia provém de fontes consideradas ambientalmente sustentáveis. Esta medida visa preservar a reputação das empresas que, dada a sua influência, receiam contornar regulamentos ou envolver-se em práticas de greenwashing. A Google, por exemplo, tem sido pioneira no fabrico da sua própria energia para abastecer os seus centros de dados. A multinacional tecnológica está a construir, no mercado ibérico, uma espécie de região, como assim a denomina, que será composta por centros de dados. Esta tecnologia, que tem o objetivo de prestar serviços a Portugal, Espanha e França, está a utilizar energia verde para fornecer os centros de dados ainda em construção.
É fundamental que as empresas coloquem a transição energética no topo das suas prioridades, de modo a contribuírem para um futuro mais sustentável, reduzirem o seu impacto ambiental, aumentarem a sua eficiência operacional e fortalecerem a sua posição no mercado. A adoção de práticas sustentáveis, como a utilização das mais recentes tecnologias e práticas de armazenamento de dados, beneficiam financeiramente as empresas, contribuem para um aumento da produtividade e reforçam a sua imagem perante os stakeholders. Independentemente da regulação que venha a ser criada, haverá a preocupação de que os próximos centros de dados sejam impulsionados por fontes ecológicas, ou pelo menos por fontes de energia que gerem quantidades de emissões de carbono significativamente menores para a atmosfera.
Sucintamente, respondendo à questão que coloquei inicialmente, a tecnologia deve caminhar de mão dada com a sustentabilidade, pois só assim é possível enfrentar os desafios ambientais, e construir um futuro viável para a sociedade. A procura por soluções tecnológicas inovadoras e sustentáveis deve, assim, ser uma responsabilidade partilhada por toda a indústria, visando a preservação do planeta para as gerações futuras.
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