Exclusivo Oferta da Air France-KLM para a TAP não seguirá modelo usado na SAS

A Air France-KLM entrou no capital da companhia escandinava com uma posição minoritária e em conjunto com um fundo de "private equity". Modelo para a TAP será diferente.

A Air France KLM deu a semana passada mais um passo para a consolidação no setor da aviação com a compra de 20% da companhia escandinava SAS. A operação envolveu também o Castlelake, um fundo de capital de risco, que ficou com a maior fatia do capital. Um modelo que resultou da especificidade do negócio e não será seguido numa oferta para a TAP.

A estrutura da proposta apresentada para a SAS foi desenhada de acordo com as condições apresentadas no respetivo concurso”, tendo em conta que a companhia “está atualmente ao abrigo do ‘Chapter 11’ previsto na legislação dos EUA, um procedimento específico com prazos igualmente muito específicos”, segundo explicou ao ECO uma fonte próxima do processo.

A companhia aérea criada em 1946 através da fusão das transportadora da Dinamarca, Noruega e Suécia ficou ao abrigo da legislação de insolvência americana em julho de 2022 e tem procurado desde então uma solução que recupere a sua viabilidade. Na terça-feira passada, anunciou que os seus novos acionistas serão a Castlelake (32%), a Air France–KLM (19,9%), o Estado dinamarquês (26%) e a Lind Invest (8,6%).

O modelo adotado contrasta com as linhas mestras definidas pelo Governo para a privatização da TAP. O Conselho de Ministros aprovou a 28 de setembro um decreto-lei que prevê a venda de entre 51% e 100% da companhia área a “investidores de escala no setor aeronáutico” ou um consórcio por eles liderado. Além disso, fica excluída a participação de fundos. “Nós não pretendemos atrair investidores financeiros puros que venham a entrar na TAP, para posteriormente a alienar ou alienar partes – e retirar o contributo estratégico para o país”, afirmou na altura o ministro das Finanças, Fernando Medina.

“É muito cedo para dizer qual o tipo de estrutura a utilizar numa proposta pela TAP, mas em qualquer caso, a estrutura utilizada para a SAS não pode ser considerada como modelo, uma vez que o processo é materialmente diferente, sem nenhum procedimento ao abrigo do ‘Chapter 11’, aponta a mesma fonte.

A companhia aérea franco-neerlandesa vai investir 144,5 milhões de dólares (o equivalente a 137,24 milhões de euros) na SAS, dos quais 109,5 milhões em ações comuns e 35 milhões através de obrigações convertíveis. A Air France-KLM fica com a possibilidade de aumentar a sua participação na operadora escandinava para assumir o controlo do capital, após um período mínimo de dois anos.

A Air France-KLM é umas das interessadas na compra da TAP e já garantiu que a aquisição da SAS não afeta o processo. “Este projeto confirma a ambição da Air France-KLM em ter um papel ativo na esperada consolidação europeia” e “não tem impacto no forte interesse na TAP e na capacidade de participar na privatização“, afirmou à Bloomberg.

Na corrida à venda da TAP estão também o grupo IAG, dono da British Airways e Iberia, e a Lufthansa. Esta última também declarou o interesse na transportadora portuguesa na sequência da aprovação do decreto-lei de privatização.

Com o pé na SAS, o grupo Air France-KLM evita que a operadora escandinava pudesse vir a ser adquirida pela gigante alemã e puxa mais uma companhia do universo da Star Alliance para a Sky Team. O próximo alvo é a TAP.

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