Fluxo de migrantes no Mediterrâneo Central aumenta 376% este ano
As restantes rotas de migração diminuíram este ano, sobretudo a da Turquia, cujo fluxo é hoje 54,9% inferior ao que se registava no ano passado, e a da Argélia, cujo decréscimo foi de 46,44%.
O fluxo de migrantes no Mediterrâneo Central, a partir da Tunísia para Itália, mais do que quadruplicou este ano em relação a 2022, com o desembarque nas costas italianas de 91 mil pessoas, indicou esta terça-feira o Governo italiano.
Segundo o ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, este aumento – de 376% em relação ao ano passado – justificou o interesse da primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, em promover um memorando, assinado em julho entre a Comissão Europeia e a Tunísia, que inclui medidas de apoio financeiro e um compromisso de reforçar os controlos migratórios.
“Como resultado da evolução destes fluxos migratórios, o Governo intensificou as relações bilaterais com os líderes tunisinos, defendendo, em todos os fóruns internacionais, os interesses e as necessidades de um país que quer colaborar lealmente na luta contra a migração ilegal mas está sufocado por uma crise económica muito forte”, justificou Matteo Piantedosi, num discurso hoje realizado na Câmara dos Deputados.
Da mesma forma, o ministro apelou à “libertação de recursos” destinados a “fortalecer as capacidades da Tunísia para controlar as suas fronteiras marítimas e terrestres”. As declarações de Piantedosi surgem uma semana depois de a Comissão Europeia ter confirmado que a Tunísia devolveu uma ajuda de 60 milhões de euros concedida pela União Europeia (UE), descrita pelo Presidente tunisino, Kais Said, como um gesto de “caridade” contrário aos acordos.
As restantes rotas de migração que partem de outros países diminuíram este ano, sobretudo a da Turquia, cujo fluxo é hoje 54,9% inferior ao que se registava no ano passado, e a da Argélia, cujo decréscimo foi de 46,44%. As saídas da Líbia também diminuíram em 4%, adiantou Piantedosi.
No total, e incluindo outros pontos de partida além da Tunísia, 140.586 migrantes chegaram às costas italianas desde janeiro até agora, de acordo com os registos do Governo italiano, o que representa um número muito superior às 75.833 pessoas que chegaram no mesmo período de 2022 e às 49.754 registadas em 2021.
“Há muitos meses que vivemos uma pressão migratória muito forte no Mediterrâneo Central, dirigida a Itália e, portanto, à Europa”, sublinhou o ministro. A ilha de Lampedusa, o território italiano mais próximo da costa africana, continua a ser o principal ponto de chegada dos pequenos barcos com migrantes, tendo recebido mais de 90.000 pessoas entre o início do ano e meio de outubro, o que representa 70% de todas as chegadas de migrantes este ano.
O ministro do Interior italiano lembrou ainda os desembarques massivos de embarcações precárias que este verão saturaram a capacidade de acolhimento de Lampedusa, “uma ilha com cerca de 6.000 habitantes, situada no centro do Mediterrâneo que, só no período entre 01 de junho a 30 de setembro, foi ponto de passagem de 64.051 pessoas” para outros pontos de Itália.
Na mesma intervenção no parlamento, Piantedosi mencionou a recente escalada das hostilidades no Médio Oriente, aproveitando o atual contexto para instar a Europa a controlar as rotas migratórias. O ministro vinculou ainda as organizações não-governamentais de resgate humanitário ao tráfico humano e apontou a necessidade de reforçar os controlos para evitar o risco de infiltrações terroristas.
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