Capacitar a economia circular: como o comércio entre pares está a remodelar o consumo

  • Sara Van-Deste
  • 23 Outubro 2023

É necessária uma abordagem sistémica que mude os nossos hábitos de consumo lineares para circulares. É um movimento indispensável no qual o desperdício é minimizado e o valor dos produtos é maximizado

Numa era marcada pela crescente consciência ambiental, a sustentabilidade não é apenas uma palavra de ordem; é uma mudança de paradigma e mentalidade necessária. Enquanto consumidores, estamos cada vez mais conscientes do nosso impacto no planeta, e muitos de nós já procuram formas de reduzir o desperdício e adotar hábitos de consumo mais responsáveis.

O conceito de economia circular é simples e imperativo: é necessária uma abordagem sistémica que mude os nossos hábitos de consumo lineares (comprar, fazer, deitar fora) para circulares (reduzir, reutilizar, reciclar). É um movimento indispensável no qual o desperdício é minimizado e o valor dos produtos é maximizado ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Perante a impossibilidade de controlar o modo de produção, os consumidores devem e estão a emancipar-se do seu papel e a voltar-se uns para os outros, no sentido de formar comunidades assentes na confiança para uma forma de comércio mais própria.

O comércio entre pares trata-se de um movimento impulsionado por pessoas comuns que compreendem o valor do consumo responsável e o papel que o consumidor desempenha na construção de um futuro sustentável.

Juntos, estes consumidores têm como missão potenciar a economia circular uma transação de cada vez, sem depender da indústria para tal, e o resultado é uma comunidade unida de indivíduos que partilham valores e interesses semelhantes, valorizando as contribuições uns dos outros e criando ligações significativas, enquanto contribuem para um futuro melhor.

A redução significativa da procura por nova produção tem já por si mesma um impacto positivo no ambiente, mas eliminar barreiras e permitir que os indivíduos participem no ecossistema do comércio entre pares tem um impacto muito significativo no caminho para a democratização da vida sustentável.

Um estudo, realizado pela Wallapop a propósito do seu décimo aniversário em 2022, permitiu perceber o impacto que a plataforma teve na poupança de recursos e ambiente. Só no ano passado, 510.353 toneladas de emissões de CO2 foram evitadas, com 81% dos inquiridos a admitir que a sua compra na plataforma substituiu a compra de um artigo novo. Para colocarmos em perspetiva, este valor de emissões é equivalente a oito viagens de ida e volta ao sol de carro.

Por isso, conscientes do potencial do comércio entre pares, a função de plataformas de artigos reutilizados é exatamente proporcionar um mercado próspero orientando para a confiança da comunidade onde os consumidores podem realizar as suas transações e estes processos de forma facilitada. Segundo o mesmo estudo, 56% dos produtos anunciados não continuariam a ter uma vida útil, ou os seus vendedores não os utilizariam ou desfazer-se-iam deles.

Estas plataformas permitem que pessoas dos vários estratos sociais tenham acesso a bens reutilizados de alta qualidade e a preços mais acessíveis, diminuindo os encargos financeiros associados à compra de artigos novos e possibilitando um comércio sustentável a preços reduzidos, desconstruindo também a ideia de que a sustentabilidade e a carteira não são compatíveis. E é esta acessibilidade que está no centro do poder transformador da Wallapop e que permitirá certamente reformular a forma como consumimos nos dias de hoje.

  • Sara Van-Deste
  • Head of Special Projects na Wallapop

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