Paddy Cosgrave deixa liderança da Web Summit após debandada das tecnológicas
O CEO da Web Summit demitiu-se depois das afirmações polémicas sobre Israel terem levado várias tecnológicas a cancelar a participação. Evento vai manter-se como programado.
O CEO da Web Summit, Paddy Cosgrave, demitiu-se do cargo. Decisão surge após as afirmações polémicas sobre Israel terem levado empresas como a Amazon, Meta e Alphabet a abandonarem o evento.
“Demito-me de CEO da Web Summit com efeitos imediatos”, afirmou Paddy Cosgrave num comentário pessoal enviado ao ECO. “Infelizmente, os meus comentários pessoais tornaram-se uma distração para o evento e para a nossa equipa, os nossos patrocinadores, as nossas startups e as pessoas que o frequentam”.
A realização do evento, que decorrerá entre 13 e 16 de novembro, não fica posta em causa. “A Web Summit vai nomear um novo CEO o mais breve possível e a Web Summit 2023 em Lisboa irá acontecer como planeado“, acrescenta um porta-voz da empresa. São esperados 70 mil participantes, um número semelhante ao ano passado.
Infelizmente, os meus comentários pessoais tornaram-se uma distração para o evento e para a nossa equipa, os nossos patrocinadores, as nossas startups e as pessoas que o frequentam.
Segundo o Sunday Independent ,que avançou com a notícia, os trabalhadores foram informados de que os postos de trabalho não estão ameaçados pela debandada das grandes tecnológicas, mas que a empresa enfrenta o momento mais difícil desde a pandemia.
Nos últimos dias, várias big tech cancelaram a participação. Amazon Web Services, Meta (dona do Facebook), Alphabet (dona do Google) anunciaram a decisão na sexta-feira. Intel, Siemens já o tinham feito no dia anterior.
Além das tecnológicas, também alguns fundos de capital de risco, como a Sequoia Capital, ou aceleradoras de startups, como a Y Combinator, também abandonaram o evento. O mesmo aconteceu com alguns dos oradores previstos.
A 13 de outubro, cinco dias depois do ataque do Hamas em Israel, Paddy Cosgrave escreveu no Twitter que “os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando são cometidos por aliados, e devem ser chamados isso mesmo”. Afirmação que desencadeou uma reação imediata de Israel, que foi a primeira a retirar-se da conferência.
Tweet from @paddycosgrave
Nem o pedido de desculpas feito alguns dias depois evitou a onda de cancelamentos. “A Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as empresas tecnológicas, e lamento profundamente que esses amigos se sintam magoados com o que disse“, escreveu o antigo CEO no blogue da Web Summit.
“Reiterando o que disse na semana passada: Condeno sem reservas o malicioso, repugnante e monstruoso ataque do Hamas a 7 de outubro. Apelo também à libertação incondicional de todos os reféns”, escreveu também. Na altura, ainda apontava que a venda de “bilhetes atingiu recordes” e que o número de novos investidores superava o de cancelamentos.
O ECO contactou a Câmara Municipal de Lisboa, que não quis fazer qualquer comentário. O Ministério da Economia e do Mar deu a mesma resposta.
A Web Summit fechou em 2018 um acordo com o governo português para a realização do evento em Lisboa até 2028. O acordo previa o pagamento pelo Estado de 11 milhões de euros por ano. Paddy Cosgrave admitiu, no entanto, prolongar a ligação à capital portuguesa.
“Lisboa passou de uma situação em 2016 em que jornalistas internacionais, investidores, CEO, perguntavam ‘Lisboa, porque vais para Lisboa? Devias estar em Berlim, Paris ou Londres.’ Para hoje, em que a conversa é outra: ‘Em 2028 o contrato termina, por que razão do mundo vais embora, não vás embora?”, afirmou numa entrevista ao ECO em novembro do ano passado. O plano “é ficar”, garantiu.
A Web Summit inaugurou no mês passado o novo escritório em Lisboa, no Hub Criativo do Beato (HCB), e anunciou a intenção de contratar 50 pessoas em Portugal.
A Web Summit planeia realizar o próximo evento no Qatar, em fevereiro. Também leva a cabo conferências anuais em Toronto e no Rio de Janeiro e tem planos para voltar a Hong Kong em 2025.
(notícia atualizada às 17h55)
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