Socialistas e Sumar chegam a acordo para coligação de esquerda em Espanha

  • Lusa e ECO
  • 24 Outubro 2023

Socialistas e Sumar não têm maioria absoluta no parlamento espanhol, pelo que o Governo que tomar posse terá de ser viabilizado por outros partidos nacionalistas e independentistas.

Sánchez está mais perto de conseguir continuar a liderar o Governo espanholLusa

O Partido Socialista espanhol (PSOE) e a formação de esquerda Sumar disseram esta terça-feira que alcançaram um acordo para uma coligação de Governo em Espanha que visa garantir estabilidade ao país e a convivência entre os espanhóis.

O PSOE e o Sumar assinaram esse acordo na sequência das eleições legislativas de 23 de julho, “com a vontade de dar aos espanhóis, em primeiro, estabilidade; em segundo, convivência; e, em terceiro, progresso”, disse o líder dos socialistas e primeiro-ministro em funções, Pedro Sánchez.

Sánchez fez um balanço positivo dos últimos quatro anos de Governo em Espanha, em que já liderou um executivo de coligação formado pelo PSOE e pela Unidas Podemos, uma plataforma de partidos à esquerda dos socialistas a que agora sucedeu o Soumar. Foi, afirmou, “um Governo de coligação a que davam dois dias, mas ficou quatro anos”. “E vamos ficar quatro anos mais”, disse Pedro Sánchez, em Madrid, depois de assinar formalmente o acordo de coligação para a nova legislatura com a líder do Sumar e atual vice-presidente do Governo e ministra do Trabalho, Yolanda Díaz.

Reivindicando avanços na justiça social e na sustentabilidade ambiental na anterior legislatura, “no meio das maiores calamidades”, como a pandemia de Covid-19 ou o impacto da guerra na Ucrânia, Pedro Sánchez e Yolanda Díaz disseram que fecharam um acordo para uma nova coligação com 230 medidas que visam consolidar e aprofundar o mesmo caminho. Segundo o El País, entre elas está a redução da semana de trabalho de 40 para 37,5 horas.

O líder socialista sublinhou que os dois partidos contam com “a experiência” de governar em coligação e “com frutos”, depois de uma década anterior marcada pela “receita falhada” da direita na resposta à crise financeira ou às questões territoriais espanholas, como o independentismo catalão.

Sánchez é também o primeiro-ministro em funções e Díaz uma das suas atuais vice-presidentes e ministra do Trabalho, no atual Governo de Espanha, que na última legislatura já foi uma coligação do PSOE e da Unidas Podemos (a plataforma de partidos à esquerda dos socialistas a que agora sucedeu o Sumar).

PSOE e Sumar não têm maioria absoluta de deputados no parlamento espanhol, pelo que para o Governo tomar posse terá de ser viabilizado por outros partidos nacionalistas e independentistas da Catalunha, Galiza e País Basco, com quem os continuam a negociar, sem haver ainda acordo. Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo parlamento, Espanha terá de repetir as eleições.

Nas intervenções que fizeram esta terça-feira, nem Sánchez nem Yolanda Díaz se referiram a essas negociações com os partidos nacionalistas e independentistas ou às exigências das formações catalãs, que pedem, entre outras coisas, uma amnistia para as pessoas envolvidas em processos judiciais por causa da tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017.

Yolanda Díaz disse que este acordo com o PSOE é “um compromisso com as pessoas trabalhadoras, as mulheres, o planeta, os jovens e os idosos” e destacou o objetivo de uma “segunda onda de direitos laborais” para os próximos quatro anos, “com diálogo social”, como a redução da jornada de trabalho, novo aumento do salário mínimo ou uma nova regulamentação do despedimento.

Dentro da temática das alterações climáticas, a líder do Sumar referiu o objetivo de tornar Espanha “uma potência nas energias renováveis”, a antecipação para 2030 das metas de redução das emissões poluentes ou acabar com os voos com duração inferior a 2,5 horas quando há uma alternativa de comboio. As 230 medidas do acordo de coligação passam ainda por áreas como a educação, a habitação, a saúde, a igualdade de género e a política fiscal. Neste último caso, um dos objetivos é “reforçar os impostos à banca e às grandes energéticas”, segundo Yolanda Díaz.

O PSOE e o Sumar tinham já esta manhã anunciado, num comunicado conjunto, “um acordo programático para a formação de um novo Governo de coligação progressista em Espanha”, que “servirá para uma legislatura de quatro anos”. Segundo o mesmo texto, o acordo tem “o objetivo do pleno emprego para a próxima legislatura” e inclui medidas para a redução da jornada de trabalho sem diminuição de salário ou “um plano de choque contra o desemprego juvenil”.

Os dois partidos acordaram, por outro lado, “uma reforma fiscal justa que faça com que a banca e as grandes energéticas contribuam para a despesa pública”, sem dar mais detalhes.

(Notícia atualizada às 14h44 com teor dos discursos)

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