Lucro do BPI sobe 35% para 390 milhões até setembro
Margem financeira quase duplicou para 688 milhões de euros, graças ao aumento das taxas de juro do BCE. Negócio em Portugal lucrou 324 milhões.
O BPI lucrou 390 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 35% em relação ao mesmo período do ano passado, à boleia do aumento das taxas de juro.
O negócio em Portugal contribuiu com 324 milhões de euros para este resultado, sendo que o contributo das operações em Angola e Moçambique ascendeu a 42 milhões e 24 milhões, respetivamente.
Em conferência de imprensa, o CEO João Pedro Oliveira e Costa explicou que a melhoria dos resultados te sobretudo a ver com o aumento do produto bancário. “Houve um aumento da atividade e também o aumento das taxas de juro por causa do aperto do Banco Central Europeu (BCE) para controlar a inflação”, referiu o responsável.
O produto bancário somou 50% para 924 milhões de euros entre janeiro e setembro. Esta rubrica divide-se em duas linhas de receitas principais: a margem financeira — diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — disparou 84% para 688 milhões de euros e as comissões estabilizaram nos 218 milhões.
Oliveira e Costa adiantou que a margem financeira irá atingir o pico este trimestre ou no próximo e que irá mesmo descer já em 2024. “O aumento do custo dos recursos e o abrandamento vai contrabalançar com o processo de repricing que ainda exista. Contamos que a estabilização [da margem] aconteça neste trimestre ou no próximo. Em 2024 irá reduzir”, apontou o CEO.
Depósitos caem 6%. Bancos já “normalizaram” taxas, aponta CEO
Neste período, o banco português do grupo espanhol CaixaBank sofreu uma redução dos recursos de clientes na ordem dos 5%, totalizando agora os 37 mil milhões de euros. Oliveira e Costa explica a diminuição das poupanças dos clientes com a fuga para os Certificados de Aforro no primeiro semestre do ano e com a amortização antecipada dos créditos. O CEO do BPI acredita que a banca portuguesa já normalizou as taxas que oferecem nos depósitos e já estão alinhados com a Europa. Os depósitos de clientes caíram 6% para 28,4 mil milhões.
Quanto ao crédito, o BPI viu a carteira engordar, com Oliveira e Costa a sublinhar que o banco reforçou a sua quota. O banco chegou a setembro com uma carteira de empréstimos de 29,8 mil milhões de euros, um aumento de 3% em termos homólogos.
O crédito para a compra de casa aumentou 4% para 14,6 mil milhões, mas a procura está a abrandar. “A contratação de habitação diminuiu 15% face ao período homólogo, alcançando cerca de 1,8 mil milhões nos primeiros nove meses de 2023 como consequência da menor procura de mercado”, indica o banco.
A carteira de empréstimos às empresas aumentou 2% para 11,2 mil milhões.
3.400 renegociações e 4.700 clientes a bonificarem
O banco revelou ainda que já renegociou 3.400 clientes com empréstimos da casa totalizando os 414 milhões de euros ao abrigo do decreto-lei do Governo criado há um ano, correspondendo a 2,1% do total de clientes. Fora deste decreto, as renegociações ascenderam a 950 milhões de euros.
Por outro lado, 4.700 clientes encontram-se a beneficiar da medida da bonificação de juros, de acordo com o administrador Francisco Matos. A bonificação média ronda os 10 euros por mês.
Venda do BFA parada, Efacec
Relativamente à venda da participação no BFA, “está a fazer o seu caminho”, indicou Oliveira e Costa, mas o processo está “suspenso”. “Neste momento não há novidade. Não informação nova. O banco está muito bem, continua a ser uma enorme fortaleza em Angola e a apresentar rácios de solidez risco e rentabilidade importantes”, disse o CEO.
Sobre a Efacec, o banco escusou a revelar qual o perdão de dívida aceitou para que o processo de reprivatização fosse adiante. “Os valores de financiamento eram muito baixos”, disse o administrador Francisco Matos”. “Não contamos para mudar o ponteiro, não seremos o banco importante no processo de reprivatização”, acrescentou.
(Notícia atualizada às 12h39)
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