“O financiamento ‘verde’ deveria ser mais barato”, diz Mourinho Félix

O vice-presidente do BEI afirmou na Web Summit que é preciso trazer mais dinheiro 'verde' para o mercado, mas sublinhou que é preciso pagar um prémio menor e alargar as emissões à escala global.

O vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix, afirmou esta terça-feira que as obrigações ‘verdes’ deveriam ser mais baratas para os investidores, pois são desenhadas para financiar projetos de sustentabilidade específicos e com riscos próprios, ao invés de orçamentos gerais com riscos mais diluídos.

“O financiamento ‘verde’ é uma área fascinante”, começou por dizer o ex-secretário de Estado das Finanças, numa sessão na Web Summit, em Lisboa. “Começámos com a primeira obrigação ‘verde’ em 2008 e, desde então, o mercado cresceu e vale agora 1 bilião de dólares“.

“Pode parecer muito dinheiro, mas não é. O mercado global de dívida é de 100 biliões de dólares, portanto representa só 1% do total“, sublinhou.

Sobre os desafios de integrar os títulos ‘verdes’, no mainstream do mercado de financiamento, o vice do BEI referiu que “uma coisa que é necessária, claro, são os projetos”. Em relação à discussão sobre se não há projetos suficientes ou se não há dinheiro suficiente, disse alinhar-se “pelo lado que acredita que não há financiamento verde suficiente“.

Explicou que é sempre necessário ter mais projetos do que financiamento, para que se financie apenas os melhores projetos e não tudo, inclusive “coisas que não fazem sentido”.

Precisamos de trazer mais dinheiro ‘verde’ para o mercado e de desenvolver o mercado de tal forma que este greenium não seja um Santo Graal, mas algo que se possa encontrar facilmente e que faça todo o sentido”, salientou.

Adiantou que o BEI está a financiar projetos, a alocar dinheiro a projetos, acrescentando que “portanto o risco de vincular dinheiro a um projeto que conhecemos deve ser menor do que simplesmente financiarmos um orçamento“.

“Deve haver um prémio de risco mais baixo, o que significa que este financiamento verde deveria estar mais barato“, frisou. Para Mourinho Félix, o mercado de financiamento sustentável está bastante desenvolvido na Europa e nos EUA, mas é preciso desenvolvê-lo à escala global.

“Estamos, juntamente com a Comissão Europeia, a apresentar a iniciativa global de obrigações ‘verdes‘”, referiu, sobre um fundo que está a ser criado em conjunto com as Nações Unidas, “um fundo climático global que pode ser usado para desenvolver títulos verdes noutros mercados, nomeadamente na América Latina, em África e na Ásia“.

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