Partido de extrema-direita anti União Europeia vence eleições nos Países Baixos
Populista que já pediu referendo ao “Nexit”, para votar a saída dos Países Baixos da UE, vence as eleições. Sem maioria no parlamento, Geer Wilders precisará de outros partidos para liderar o Governo.
A extrema-direita venceu as eleições legislativas nos Países Baixos. Uma sondagem à boca das urnas atribui uma clara liderança a Geert Wilders na votação realizada esta quarta-feira.
O Partido da Liberdade (PVV) de Wilders terá conquistado 35 dos 150 assentos, mais do dobro do que nas anteriores eleições de 2021 — e nove assentos à frente do rival mais próximo, a aliança Trabalhista/Esquerda Verde de Frans Timmermans, de acordo com os resultados da sondagem divulgados pela agência Reuters.
Já o partido conservador do primeiro-ministro cessante, Mark Rutte, o VVD, deverá ficar em terceiro lugar, tendo conquistado 23 lugares no Parlamento. Menos 11 do que nas anteriores eleições.
Face a estes resultados, falta saber se algum partido se juntará a Wilders para formar um governo de coligação, dado que não terá uma maioria no parlamento. Nos últimos dez anos, os principais líderes partidários recusaram-se a fazer acordos governativos com Wilders.
“Os eleitores falaram esta noite e disseram que estão fartos”, disse Wilders, citado pelo Politico, afirmando que os “neerlandeses serão novamente colocados em primeiro lugar” e que o partido quer trabalhar para conter o “tsunami do asilo”. Com uma retórica anti-Islão, o programa do PVV prevê banir as mesquitas e o Alcorão e proibir a utilização da burca em edifícios públicos.
Wilders também é um eurocético da linha mais dura do partido, tendo já pedido um referendo ao chamado “Nexit” para votar a saída dos Países Baixos da União Europeia.
Extrema-direita europeia celebra vitória de Wilders
Vários líderes da extrema-direita europeia celebraram a vitória nos Países Baixos do Partido da Liberdade (PVV), com o presidente do Chega a afirmar que “a seguir será Portugal”.
“O nosso amigo Geert Wilders acaba de vencer as eleições nos Países Baixos. É o último sinal: a seguir será Portugal!”, escreveu André Ventura na rede social X (antigo Twitter), na quarta-feira à noite, numa publicação acompanhada de uma fotografia dos líderes do Chega e do PVV.
Tweet from @AndreCVentura
A antiga presidente do partido francês de extrema-direita, União Nacional, Marine Le Pen, felicitou o partido neerlandês e o seu líder “pelo desempenho espetacular nas eleições parlamentares, que confirma o crescente apego à defesa das identidades nacionais”.
“Porque há pessoas que se recusam a ver a tocha nacional apagada, a esperança de mudança ainda está viva na Europa”, escreveu Le Pen na rede social X.
Tweet from @MLP_officiel
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, do partido Fidesz, fez uma referência à música Winds of Change (Ventos de Mudança) da banda de rock alemã Scorpions, associada à queda da União Soviética, para dizer que “os ventos da mudança chegaram”.
O ministro italiano das Infraestruturas e dos Transportes, Matteo Salvini, partilhou uma imagem com o “amigo Wilders”, um “aliado histórico da Liga” do Norte, o partido de Salvini, e deu-lhe os parabéns por “esta extraordinária vitória eleitoral”. “Uma nova Europa é possível”, acrescentou.
De Espanha, o presidente do Vox, Santiago Abascal, aproveitou a oportunidade para afirmar que “cada vez mais europeus exigem nas ruas e nas urnas que as suas nações, as suas fronteiras e os seus direitos sejam defendidos”.
O partido liderado por Geert Wilders, de ideologia de extrema-direita e contra a imigração, deverá duplicar o número de deputados e vencer a coligação formada pelo Partido Trabalhista e pelos Verdes. “Somos o partido mais votado na Holanda e posso garantir que os eleitores falaram”, disse Wilders, que garantiu que os neerlandeses “estarão mais uma vez em primeiro lugar”.
(Notícia atualizada a 23 de novembro as 7h30 com as reações)
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