BE e PCP criticam demora, Livre defende método. A reação dos partidos ao relatório sobre a localização do novo aeroporto
O BE acusa o PS e o PSD de "brincar com coisas sérias" e atrasar a decisão do novo aeroporto, com os comunistas a apelar que se avance já para a solução de Alcochete. Livre elogia método da CTI.
Os partidos políticos com assento parlamentar já começaram a reagir ao relatório preliminar sobre as opções de localização para o novo aeroporto de Lisboa, apresentado esta terça-feira pela Comissão Técnica Independente (CTI).
Enquanto o Bloco de Esquerda (BE) e o PCP consideram que o país já está há demasiado tempo à espera por um novo aeroporto, o Livre defende que o método usado pela CTI devia ser usado noutras matérias, como o lítio ou o hidrogénio, e o PAN sai em defesa do critério ambiental, que considera que foi posto de parte. À direita, a Iniciativa Liberal (IL) concorda que decisão seja tomada pelo futuro governo.
Decisão “só faz sentido” ser tomada por novo Governo, diz IL
O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, defendeu por seu turno que a decisão politica sobre a localização do novo aeroporto “só faz sentido ser tomada por um novo Governo”.
“Faz sentido que a decisão seja remetida para o novo Governo. Dificilmente seria possível tomar uma posição com o governo atual, faz sentido que haja alguma prudência e seja remetida para novo Governo”, disse o líder liberal aos jornalistas no final de uma visita ao hospital Garcia de Orta, em Almada.
Rui Rocha adiantou que a Iniciativa Liberal sempre defendeu que devia haver primeiro uma posição técnica, que deve agora ser respeitada, seguindo-se o momento da política. “Creio que é mesmo necessário que exista um aeroporto. É necessário respeitar o que foi a posição técnica e é preciso que a política em tempo útil tome uma decisão para que não haja mais atrasos numa infraestrutura fundamental para o país”, frisou.
Bloco diz que PS e PSD “não estão à altura das grandes decisões”
Para o líder parlamentar do BE, as posições do primeiro-ministro, que vai deixar nas mãos do próximo Governo a decisão da localização do novo aeroporto, e de Luís Montenegro, que anunciou a criação de um grupo de trabalho interno no PSD para estudar esta questão, são “caricatas”.
“Creio que isto explica, na postura do PS e do PSD, o motivo dos atrasos no nosso país. Andam a brincar com coisas sérias“, atirou Pedro Filipe Soares, em declarações aos jornalistas na Sala dos Passos Perdidos, na Assembleia da República.
O deputado bloquista apontou ainda, sobre o anúncio do presidente dos sociais-democratas de criar um grupo interno de reflexão no partido, que “mostra também como há um cálculo eleitoral que demonstra como não estão à altura das grandes decisões”.
Pedro Filipe Soares criticou, por fim, a demora em chegar à “conclusão mais óbvia”, nomeadamente que a melhor localização para o futuro aeroporto é Alcochete. “Materializa até decisões técnicas anteriores, algumas decisões políticas que nunca foram implementadas”, lembrou.
PCP considera que “já se perdeu tempo de mais”
À semelhança do BE, a líder parlamentar do PCP considera que o país já perdeu “tempo de mais” com a escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa, defendendo que se deve avançar “o mais rapidamente possível” para a opção de Alcochete.
“Perderam-se 15 anos desde o estudo que foi feito e que apontava a solução da construção do novo aeroporto de Lisboa no campo de tiro em Alcochete“, sinalizou Paula Santos, em declarações à imprensa, apontando que nesse período “foram vários os pretextos e os subterfúgios para não dar concretização à solução que de facto defende o interesse do nosso país”.
A dirigente comunista defendeu que é necessário avançar-se “o mais rapidamente possível” para a solução de Alcochete, salientando que assegura o “desenvolvimento do país, o interesse nacional, o próprio desenvolvimento da TAP” e o hub (plataforma giratória de voos de ligação).
Livre apela à criação de comissões independentes para lítio ou hidrogénio
Já o deputado único do Livre destacou, mais do que os resultados, a metodologia da nomeação de uma comissão técnica independente para avaliar questões importantes como a da escolha do novo aeroporto de Lisboa. “A nossa democracia pode crescer em maturidade, com mais instrumentos de participação pública, com consultas públicas muito participadas como foi esta”, sublinhou Rui Tavares, que falava aos jornalistas na Sala dos Passos Perdidos.
Rui Tavares defendeu, nesse sentido, que seja seguido este método para outras matérias importantes para o país, tais como o lítio, o hidrogénio ou o famoso centro de dados em Sines, pois tornaria as decisões políticas “mais transparentes, mais abertas e mais legitimadas”.
Acerca das conclusões do relatório preliminar da CTI, o deputado lembrou que o Livre “sempre disse que a opção do Montijo era inviável”. “Do ponto de vista ambiental seria trágico para uma zona que é muito sensível e, do ponto de vista do crescimento futuro, da flexibilidade que tal escolha daria ao nosso país, era uma solução com enormes deficiências”, assinalou.
PAN contra solução de Alcochete
Considerando que a CTI não colocou “as preocupações ambientais em primeiro plano”, assim como “a segurança e a qualidade de vida das pessoas”, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, criticou a solução de Alcochete.
Porque “coloca preocupações graves, quer ao nível da desarborização — os cerca de 250 mil sobreiros, bem como o montado, que vão ter de ser destruídos para a construção do aeroporto — a par do impacto do ruído para a qualidade de vida das pessoas“, justificou a deputada única do partido.
O PAN salientou ainda que a construção do aeroporto em Alcochete “compromete um dos maiores aquíferos de água pública do país”, apelando a que haja uma “ampla participação” da população na consulta pública que vai abrir na quarta-feira e se estende até 19 de janeiro.
(Notícia atualizada pela última vez às 20h04)
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