“Estado tem de decidir” se quer “aeroporto maior do que o de Frankfurt ou Heathrow”, avisa presidente da ANA
Presidente da ANA avisa para os encargos dos acessos ao novo aeroporto, que Vinci não irá suportar. "Fora do aeroporto tem que se fazer um terceira travessia e ferrovia e a Vinci não pode pagar", diz.
O Presidente do Conselho de Administração da ANA Aeroportos rejeita que a Vinci suporte os custos de construção dos novos acessos para o novo aeroporto, em Alcochete. Em entrevista à TVI, José Luís Arnaut aponta que a terceira travessia sobre o mar e a expansão ferroviária “não podem, legalmente” ser pagas pela Vinci, estando a multinacional responsável apenas pelas obras a nível do “domínio aeroportuário”.
“Fora do aeroporto tem que se fazer um terceira travessia e ferrovia, e a Vinci não pode pagar legalmente, só no domínio aeroportuário“, começou por referir o responsável da ANA, esta terça-feira.
“A ANA vai fazer o que o Governo nos vier chamar, mas o Estado tem de decidir se quer gastar 8 mil milhões num aeroporto maior do que o do Frankfurt, [na Alemanha] ou maior do que o de Heathrow, [em Inglaterra] – que é o que eu gostava – ou se quer fazer os hospitais que não estão feitos”, alertou, dando conta que serão os “contribuintes quem vão pagar” pela obra.
As declarações de Arnaut surgem no dia em que o relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) apresentou o relatório preliminar, que será sujeito a consulta pública, e servirá de base para a decisão do Governo sobre o novo aeroporto.
Das nove opções em estudo, a CTI indicou que Alcochete é a que apresenta mais vantagem, com uma primeira fase em modelo dual com o Aeroporto Humberto Delgado, passando depois para uma infraestrutura única na margem sul do rio Tejo.
Já a gestora aeroportuária da multinacional Vinci considerou, à Lusa, que a CTI “assumiu uma orientação, dando uma resposta a uma visão idealista de longo prazo, sem conseguir responder às problemáticas reais e pragmáticas do curto e médio prazo fundamentais para o país”.
A ANA foi ouvida durante os trabalhos da comissão, mas lamentou que tal não tenha acontecido na qualidade de especialista do setor. “Ficaram assim sem qualquer referência várias observações transmitidas à comissão nas matérias económicas, comerciais, operacionais e técnicas”, sublinhou. A ANA informou ainda que vai participar na consulta pública.
Na apresentação do relatório, o primeiro-ministro também avançou que no próximo Conselho de Ministros, antes da demissão do Governo, na quinta-feira, no Porto, será aprovada uma resolução a impor à ANA obras imediatas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
Em reação, a ANA garantiu que vai fazer as obras que o Estado entender necessárias no Aeroporto Humberto Delgado, no entanto manifestou preocupação pela ausência de solução de curto prazo no relatório da comissão técnica do novo aeroporto.
“No Aeroporto Humberto Delgado, a ANA vai continuar a realizar obras necessárias para o seu bom funcionamento, assim como as obras que o concedente entender necessárias”, garantiu a gestora aeroportuária, em comunicado enviado à agência Lusa.
A ANA manifestou-se ainda disponível para ficar “à disposição do Estado Português para partilhar o seu conhecimento das problemáticas complexas deste setor e implementar a solução que será objeto da sua decisão“.
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