Gomes Cravinho pede alternativas a veto húngaro no apoio à Ucrânia. “Não podemos continuar a funcionar ao ritmo do mais lento”
Embora admita que é possível convencer a Hungria a aprovar o novo pacote de apoio da UE à Ucrânia, o chefe da diplomacia portuguesa apela a "mecanismos alternativos" caso não seja possível consenso.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, afirmou esta segunda-feira que a União Europeia (UE) tem de pensar em “mecanismos alternativos” caso a Hungria vete um novo pacote de apoio à Ucrânia. “Não podemos continuar a funcionar ao ritmo do mais lento“, declarou, à saída de uma reunião com os homólogos europeus.
Em declarações aos jornalistas em Bruxelas, João Gomes Cravinho lembrou quando, no final de 2011, o bloco comunitário fechou um acordo destinado a “salvar” o euro, deixando de fora, entre outros países, o Reino Unido – na altura ainda membro da UE –, que tinha imposto condições que os restantes líderes consideraram “inaceitáveis”.
Nesse sentido, embora admita que o “plano A” é convencer a Hungria a aprovar um novo pacote de 50 mil milhões de euros para ajudar a Ucrânia a fazer face à invasão russa, o chefe da diplomacia portuguesa considera que, se tal não for possível, os líderes europeus terão de “encontrar outras soluções” para continuar a apoiar o país invadido.
Gomes Cravinho assumiu também que a ameaça de veto da Hungria deverá ocupar “muito do tempo” dos chefes de Estado e de Governo dos 27 Estados-membros da UE, que se reúnem para o último Conselho Europeu deste ano nos próximos dias 14 e 15 de dezembro.
“Os sinais que recebemos, nos tempos mais recentes, são sinais de que [o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban] quer chegar a um entendimento. Vamos ver se isso é possível”, afirmou ainda o ministro português.
Quanto ao 12.º pacote de sanções contra a Rússia, a expectativa de Gomes Cravinho é de que os 27 chegarão a um consenso ainda antes do Conselho Europeu desta semana: “Estamos quase lá (…). Portanto, o assunto não terá de ser levado — espero eu — aos chefes de Estado e de Governo”.
Desde fevereiro do ano passado, quando Moscovo iniciou a invasão à Ucrânia, a Hungria tem sido o país mais cético ao apoio prestado a Kiev. No final de outubro, Orbán chegou mesmo a dizer que a estratégia da UE para o país invadido pela Rússia “falhou” e que era necessário repensar a adesão e todo o apoio.
Já este mês, o primeiro-ministro húngaro classificou a Ucrânia como um dos países mais corruptos do mundo e já tinha dito que a adesão ao bloco comunitário é contrária aos interesses nacionais de Budapeste, acentuando a oposição à estratégia de apoio dos 27.
O impasse húngaro esbarra com a necessidade de continuar a cadência de apoio à Ucrânia e de gerir as expectativas de um país que já viu cortadas as ambições a curto prazo para aderir à Aliança Atlântica e resfriadas as pretensões de uma adesão rápida à UE.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, chegou a ir a Budapeste no dia 27 de novembro para tentar desbloquear o finca-pé húngaro, sem sucesso. A irredutibilidade da Hungria pode ter origem na pretensão de Orbán de ‘chantagear’ Bruxelas a desbloquear os milhares de milhões de euros de financiamento congelado e também como uma maneira de segurar o eleitorado antieuropeísta do país.
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