Costa critica “angústias e hesitação” na exploração de lítio em Portugal

Primeiro-ministro avisa sucessor que não deve ter “hesitações e medo de avançar” na mineração, refinação e fabrico de bateria de lítio, contabilizando novo recorde no investimento empresarial em 2023.

António Costa alertou esta terça-feira que “o país não pode ter angústias, dúvidas nem qualquer hesitação” em aproveitar as reservas de lítio, que “existe para ser explorado e valorizado”, aproveitando o facto de Portugal ter, “pela primeira vez”, um recurso natural que considera ser “chave” para a transição energética.

“Temos mesmo de conseguir aproveitar o lítio que temos em Portugal e aproveitá-lo de forma inteligente: não é simplesmente fazer a mineração para vender a outros que façam a refinação e tenham o valor acrescentado. Temos todo o potencial em Portugal, se ninguém tiver hesitações e medo de avançar, de podermos ter a mineração, a refinação e termos fabricas de bateria de lítio”, apontou.

Entre as intenções de investimento na área do lítio já apresentadas ao Governo, num total de 9.000 milhões de euros e 8.000 empregos diretos, destacam-se os projetos mineiros e de refinação em Boticas e Montalegre, a fábrica de baterias elétricas projetada pela chinesa CALB para terrenos em Sines, ou a refinaria de lítio da Galp em parceria com a sueca Northvolt prevista para Setúbal.

Desafiado pelo presidente da Toyota Caetano Portugal, José Ramos, o ainda primeiro-ministro aludiu igualmente às células de combustível a hidrogénio (fuel cells) que têm disputado o protagonismo com as baterias de lítio na área da mobilidade — e em que o grupo português tem apostado nos últimos anos com a produção de autocarros a hidrogénio.

De visita à fábrica da Toyota Caetano em Ovar, onde esta manhã foi apresentado o veículo elétrico que vai ser usado nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, António Costa salientou que Portugal tem “a extraordinária oportunidade de poder apoiar e desenvolver as duas tecnologias, e o mercado e o futuro dirão qual vai triunfar ou se ambas vão conviver”.

“Graças ao investimento em energias renováveis, conseguimos ter um preço de produção de energia verde muito competitivo à escala global. Vai permitir ter um baixo custo na produção do hidrogénio verde. Temos água abundante no oceano e felizmente um menor custo de produção de energia solar face a outros países. Dá-nos uma grande competitividade para alimentar a nossa própria indústria e também para potenciar a exportação de hidrogénio verde”, acrescentou.

Ainda na área energética, António Costa salientou os “seis dias inteirinhos” em novembro, um novo recorde, em que toda a eletricidade consumida em Portugal teve origem em fontes renováveis, além de um excedente para 95 horas consecutivas a exportar eletricidade para Espanha. “E quando as interconexões com Espanha e França estiverem reforçadas na eletricidade e concretizadas no gás, o nosso potencial exportador vai ser ainda maior”, completou.

Recorde no investimento empresarial e exportações acima de 50% do PIB

De saída do Governo ao fim de oito anos em que, contabilizou, o stock de investimento direto estrangeiro (IDE) aumentou 40%, depois do registo máximo de investimento empresarial no país em 2022, o governante socialista antecipou: no ano passado, “provavelmente, teremos fixado um novo máximo de investimento empresarial na nossa economia”.

Por outro lado, destacou que é o “investimento nas competências, na produtividade e na capacidade de produzir mais e melhor que explica que, pela primeira vez na história, as exportações tenham representado mais de 50% do PIB”. Algo que justificou com a procura de novos mercados externos por parte das empresas, mas também porque “o que o país produz hoje tem maior valor do que o que produzia tradicionalmente”.

“Cada veículo destes [da Toyota Caetano] são umas centenas de pares de sapatos. Sendo muito importante continuar a acarinhar as indústrias tradicionais, como o têxtil, o calçado ou os produtos agroalimentares, temos de apostar cada vez mais em produtos mais sofisticados, que por cada unidade acrescentam muito mais valor à nossa economia”, reforçou António Costa, notando que 38% das exportações nacionais de bens já são atualmente de alta e média-alta tecnologia.

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