Plano para terrenos da ex-refinaria da Galp atrasado mais de seis meses e sem nova data
O chamado "Masterplan" deveria ter sido divulgado em junho do ano passado, de acordo com as primeiras previsões da empresa. No entanto, ainda não foi apresentado, e é atirado para "momento oportuno".
O plano para o espaço onde operava a refinaria da Galp, em Matosinhos, ainda está por traçar, cerca de seis meses após a data para a qual estava marcada a sua divulgação. Para já, a petrolífera não adianta previsões de quando estará concluído o projeto.
Em junho de 2022, a Galp anunciava que a holandesa MVRDV, um gabinete de arquitetos “de referência mundial”, tinha ganho o concurso para desenvolver o Innovation District, o projeto que iria ocupar os terrenos da antiga refinaria da Galp em Matosinhos
Na mesma comunicação, datada de 17 de junho desse ano, a Galp avançava que uma equipa multidisciplinar com mais de 20 especialistas de seis empresas, liderados pela MVRDV, iriam elaborar o chamado “Masterplan”, o plano para os terrenos da refinaria. Este deveria ser divulgado nos 12 meses seguintes, isto é, até meados de junho de 2023.
Contudo, até ao momento, este plano ainda não é conhecido. Contactada pelo Eco/Capital Verde, a Galp afirma que “os moldes finais deste Masterplan serão divulgados em tempo oportuno”, sem adiantar nova data.
A petrolífera indica que “ao longo dos últimos dois anos, a Galp tem estado a trabalhar em simultâneo as várias dimensões dos projetos de desmantelamento e demolição da antiga Refinaria de Matosinhos, e a desenvolver a visão de futuro para os terrenos até agora ocupados por esta unidade industrial”.
Sobre o futuro uso dos terrenos, a Galp adianta que a Câmara Municipal de Matosinhos já definiu os princípios orientadores para o projeto de reconversão na área da antiga refinaria, “fundamentais para que a Galp possa estabelecer, em conjunto com o município, os termos de referência para o desenho do Masterplan”.
O objetivo é que o projeto permita atrair investimentos nacionais e internacionais que garantam emprego qualificado, nomeadamente através da configuração de um hub tecnológico, composto por um polo universitário, um parque tecnológico e centros empresariais, adianta agora a empresa, indo ao encontro do anunciado em 2022.
Em fevereiro desse ano, a Galp, a Câmara de Matosinhos e CCDR-N assinaram um acordo para assegurar o “enquadramento jurídico e económico” do projeto de reconversão dos 237 hectares pelos quais se estendem os terrenos da refinaria.
Nessa altura, falava-se de um Innovation District, o qual incluía comércio e serviços, hotelaria, restauração, indústria 4.0, habitação e equipamentos culturais e de lazer. O mesmo acordo previa a cedência de parcelas de terreno no perímetro da refinaria para a construção de um polo universitário. A autarquia defendia que ali se instalasse o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), ligado à Universidade do Porto.
Já nesse ano era relevada a componente ambiental. “Seremos capazes de criar um distrito de inovação de classe mundial, focado em energia sustentável e em tecnologias avançadas”, era citado o ex-CEO da Galp, Andy Brown, no comunicado de junho. Agora, a Galp acrescenta que espera que sejam aplicados princípios de cidade inteligente nos terrenos, nomeadamente no que diz respeito à mobilidade.
O processo, que a Galp classifica como “complexo e moroso”, deu em 2023 um passo “decisivo”, com o arranque das primeiras obras de demolição da refinaria, que irão durar aproximadamente dois anos e meio. O desmantelamento estará a decorrer de acordo com a calendarização prevista, assegura a empresa.
O encerramento da refinaria da Galp em Leça da Palmeira, em Matosinhos, foi anunciado a 21 de dezembro de 2020, quando a empresa decidiu concentrar as suas atividades de refinação no complexo de Sines. A iniciativa ditou o despedimento coletivo de 114 trabalhadores, de acordo com a Galp.
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