Futuro incerto, falta de mão-de-obra qualificada e custos de energia travam investimento em Portugal
Maioria das empresas portuguesas admite vir a investir nos próximos três anos. Apenas “uma minoria muito pequena de empresas (6%) não tem planos de investimento, sendo que todas são PME".
Pelo menos oito em cada dez empresas portuguesas consideram que a incerteza, a disponibilidade de mão-de-obra qualificada e os custos de energia são as principais limitações ao investimento. Ainda assim, de acordo com o relatório sobre o investimento do Banco Europeu de Investimento (BEI), a maior parte das empresas pretende investir nos próximos três anos.
A larga maioria das empresas nacionais considera que as incertezas futuras (90%), a disponibilidade de pessoal qualificado (87%) e os custos de energia (83%) limitam o seu investimento. “As regulamentações da atividade empresarial (83% versus 61%) e do mercado de trabalho (76% versus 60%) são barreiras muito maiores para os planos de investimento das empresas portuguesas do que para empresas da UE como um todo”, revela o inquérito levado a cabo pelo BEI, com base em entrevista telefónica a 480 empresas em Portugal, realizadas entre abril e julho de 2023.
“A percentagem de empresas portuguesas que reportam estas barreiras tem vindo a estabilizar ou até mesmo a diminuir ligeiramente. Apenas os valores para a disponibilidade de mão-de-obra qualificada, regulamentação empresarial e financeira são ligeiramente superiores ao registado o ano passado”, refere o mesmo relatório.
O inquérito revelou ainda que a perceção da existência destas barreiras é idêntica em todos os setores de atividade e dimensão das empresas. Mas, por exemplo, a falta de pessoal qualificado é sentida com mais intensidade entre as empresas de construção (97%) e nas grandes empresas (92%) apear da média ser de 79%.
Em termos de perspetivas futuras a maioria das empresas admite vir a investir nos próximos três anos. Apenas “uma minoria muito pequena de empresas (6%) não tem planos de investimento, sendo que todas são PME”. Quanto ao tipo de investimento ele é, sobretudo, de substituição (38%). Só 30% das empresas inquiridas responderem prever investir na expansão de capacidade e 26% em novos produtos/serviços. Mas a situação não é diferente da tendência em toda a União Europeia.
“As empresas portuguesas continuam preocupadas com as condições de investimento para o próximo ano.” No entanto, em comparação com o ano anterior “são apenas mais pessimistas quanto ao clima político/regulatório” e até há “mais empresas esperam que as perspetivas no seu setor melhorem em vez de piorarem com um cenário semelhante”.
Quanto à crise energética, em alguns aspetos específicos, as empresas portuguesas foram mais afetadas do que as restantes empresas europeias e, por isso, para as empresas nacionais os preços da energia são um fator maior de preocupação (70% versus 59%), tal como a incerteza energética (60% versus 47%) e a regulamentação energética (49% versus 37%). O inquérito revela ainda que quase todas as empresas portuguesas (94%) adotaram estratégias para lidar com o choque dos preços da energia.
A tentativa de obter ganhos de eficiência e de poupança energética foi a estratégia mais seguida (80%), logo seguida da renegociação dos contratos (67%). Mas repassar os custos energéticos para os clientes foi algo que as empresas nacionais tentaram evitar, só 43% o fez em comparação com 62% das empresas europeias.
O relatório revela ainda que cerca de 40% das empresas em Portugal desenvolveram ou introduziram novos produtos, processos ou serviços em 2022, um desempenho superior ao comunicado para 2021 (34%), e que está em linha com a média da UE (39%), mas ainda assim abaixo dos EUA (57%). Além disso, 13% das empresas portuguesas portuguesas desenvolveram ou introduziram produtos, processos ou serviços novos para Portugal ou para os mercados globais, o que corresponde à média da UE (13%) e dos EUA (12%).
Por outro lado, cerca de seis em cada dez empresas em Portugal (57%) utilizam uma ou mais tecnologias digitais avançadas, o que é inferior à média da UE (70%). Menos da metade usa plataformas digitais (33%), drones (34%), automação via robótica (36%) ou internet das coisas (38%). Menos ainda utilizam impressão 3D (15%) ou tecnologia aumentada ou VR (8%).
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