Três investidores na corrida à compra de gestora de 500 milhões de malparado
Italianos da DoValue estão de saída do mercado de malparado português e têm três investidores para a compra da gestora que tem 500 milhões de euros de ativos sob gestão.
Além do negócio de quatro mil milhões de euros da LX Partners, outra operação no mercado de malparado em Portugal segue o seu curso. O grupo italiano DoValue, controlado pela Fortress e Bain, já selecionou os três candidatos para apresentarem propostas vinculativas pela sua gestora de crédito em incumprimento e imobiliário em Portugal, com 500 milhões de euros em ativos sob gestão.
Sobre esta operação, a DoValue Portugal, com cerca de 60 trabalhadores, não quis prestar qualquer comentário por estar legalmente impedida de comentar o processo de venda que está a ser conduzido pela PwC Espanha.
O ECO sabe que já foi selecionada a short list de três candidatos que nas próximas semanas terão de apresentar ofertas firmes. Depois disso, a DoValue escolherá o investidor com quem iniciará negociações exclusivas para alcançar um acordo final.
Isto segue-se a uma fase em que mais de uma dezena de investidores sinalizaram o interesse na transação, conforme havia indicado a empresa ao ECO em meados do mês passado. De acordo com a DoValue Portugal, uma das razões para o interesse dos investidores tem a ver com o processo de reestruturação iniciado há um ano para “transformar a empresa numa servicer boutique, concentrada em vários serviços estratégicos de regularização e gestão de ativos complexos”. “Neste contexto, temos captado novos clientes, também eles com um papel estratégico, acumulando assim uma experiência ampla e relevante para esta especialização”, revelou a empresa.
Até agora, a atividade da DoValue Portugal tem passado, sobretudo, pela gestão de ativos problemáticos, incluindo um portefólio de imobiliários e de malparado da Oitante (inicialmente de 1,5 mil milhões de euros, mas agora com um valor mais residual) e uma carteira de crédito em incumprimento da Davidson Kempner. Ainda sem serem conhecidos os resultados finais do ano passado, registava vendas de 3,8 milhões de euros até setembro. Em 2022, teve prejuízos de quase três milhões de euros, após ter obtido receitas de 7,1 milhões — que comparam com as receitas de 21 milhões em 2019.
Os italianos da DoValue entraram no mercado português em 2019 com a aquisição da Altamira Portugal, que tinha comprado dois anos antes a unidade de negócio responsável pela gestão dos ativos imobiliários e da carteira de crédito da Oitante – o veículo criado para ficar com os ativos do antigo Banif que o Santander não quis comprar. Em 2021, a Altamira Portugal passou a chamar-se DoValue Portugal.
Cotada na bolsa de Milão, a DoValue diz ser o maior servicer do Sul da Europa. O grupo é controlado pela Fortress e pela Bain, que detêm mais de 40% da empresa.
Ambos os fundos têm mais investimentos em Portugal. Por exemplo, a Fortress adquiriu uma carteira de malparado de 230 milhões de euros ao Banco Montepio, como o ECO revelou no final do ano passado.
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