Exclusivo Italianos da DoValue vendem gestora de malparado em Portugal
Depois da LX Partners, agora são os italianos da DoValue que preparam a saída do mercado de malparado português com venda da gestora que tem 500 milhões de euros de ativos sob gestão.
Há mais investidores de saída do mercado de malparado em Portugal. Depois da LX Partners, cujo negócio de quatro mil milhões de euros conhecerá mais desenvolvimentos no final do mês, agora é o grupo italiano DoValue, controlado pela Fortress e Bain, a avançar com a venda da sua gestora de crédito em incumprimento e imobiliário em Portugal, com 500 milhões de euros em ativos sob gestão e cerca de 60 trabalhadores, de acordo com informações recolhidas pelo ECO.
O processo de venda da DoValue Portugal, que a empresa confirma ao ECO estar em curso, está a ser conduzido pela PWC Espanha, de acordo com as mesmas fontes.
Segundo a DoValue Portugal, “o processo de venda está a evoluir positivamente, contando já com o interesse de mais de uma dezena de potenciais compradores“.
Uma das razões para o forte interesse, aponta a empresa, tem a ver com a reestruturação, iniciada no primeiro trimestre de 2023, para “transformar a empresa numa servicer boutique, concentrada em vários serviços estratégicos de regularização e gestão de ativos complexos“. “Neste contexto, temos captado novos clientes, também eles com um papel estratégico, acumulando assim uma experiência ampla e relevante para esta especialização”, revela a DoValue Portugal ao ECO.
O negócio da DoValue Portugal tem recuado nos últimos anos, com as vendas a caírem dos 21 milhões de euros em 2019 para 7,1 milhões em 2022, segundo a base de dados de empresas InformaDB. Fechou 2022 com prejuízos de quase três milhões de euros. Até setembro deste ano, as vendas atingiram os 3,8 milhões de euros, adianta a empresa ao ECO.
Os italianos entraram no mercado português em 2019 com a aquisição da Altamira Portugal, que tinha comprado dois anos antes a unidade de negócio responsável pela gestão dos ativos imobiliários e da carteira de crédito da Oitante – o veículo criado para ficar com os ativos do antigo Banif que o Santander não quis comprar.
Nessa altura, a Altamira também ficou com a gestão de um lote de ativos imobiliários e malparado da Oitante de 1,5 mil milhões de euros, carteira esta que tem hoje um valor mais residual.
Para lá do acordo com a Oitante, a DoValue Portugal gere ainda uma carteira de crédito em incumprimento da Davidson Kempner.
Cotada na bolsa de Milão, a DoValue diz ser o maior servicer do Sul da Europa. O grupo é controlado pela Fortress e pela Bain, que detêm mais de 40% da empresa. Ambos os fundos têm mais investimentos em Portugal. Por exemplo, a Fortress prepara-se para adquirir uma carteira de malparado de 230 milhões de euros ao Banco Montepio, como o ECO revelou no final do ano passado.
Maior negócio de malparado avança no final do mês
Também a LX Partners está a preparar a sua saída do mercado nacional, com a venda de uma carteira de malparado de 4,2 mil milhões de euros e ainda a plataforma Algebra Capital, num negócio que estará avaliado em cerca de 200 milhões de euros.
Já há uma short list para este que será o maior negócio do ano: o consórcio da Cerberus, Intrum e Finsolutia, da Carval e Whitestar, e o fundo LCM foram os selecionados para a fase de propostas vinculativas, que terminará no final deste mês.
Com um valor bruto de 4,2 mil milhões de euros, a carteira da LX Partners inclui cerca de quatro mil milhões que dizem respeito a crédito unsecured (sem garantias) e outros 200 milhões a crédito secured (com garantias). O negócio envolve ainda o servicer responsável pela gestão desta carteira, a Algebra Capital. Esta sociedade tinha 175 trabalhadores e faturou 13 milhões em 2022, mais 11% relativamente ao ano anterior, tendo lucrado 1,5 milhões de euros.
Além de dívida de stress e NPL (non performing loans), os negócios da LX Partners incluem também a área do private equity e do imobiliário. Em Portugal, por exemplo, esta sociedade detém a Five Credit (plataforma digital de empréstimos alternativos para PME) e a sociedade gestora Circle Capital. Além disso, investiu 125 milhões de euros na Smart Studios (estúdios para estudantes) em 2018.
O mercado de malparado registou um forte abrandamento no ano passado, em que as transações de carteiras de NPL terão afundado quase 20% para 1,4 mil milhões de euros, o valor mais baixo desde 2020, de acordo com um estudo da Prime Yield.
(Notícia atualizada às 13h06 com respostas da DoValue Portugal)
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