Exclusivo Banco Montepio vende malparado de 230 milhões ao fundo americano Fortress
Fundo americano da Fortress, em consórcio com o servicer Hipoges, ganhou a corrida pela carteira de malparado de 230 milhões que banco de Pedro Leitão colocou à venda.
Os americanos da Fortress, em consórcio com o servicer Hipoges, ganharam a corrida pela carteira de malparado de 230 milhões de euros que o Banco Montepio colocou à venda em setembro.
O fundo americano, com sede em Nova Iorque, superou a concorrência da CRC (investidor) e Whitestar (servicer) e da Bracebrigde e Finsolutia, e segue agora para negociações exclusivas com o banco liderado por Pedro Leitão, que não comenta o impacto da operação nas suas contas.
Em causa está um portefólio (chamado projeto Côa) que está dividido em quatro tranches, envolvendo dívida going concern (60 milhões de euros relativos a créditos de empresas em risco), cash in court (50 milhões em depósitos de empresas falidas que se encontram em contas dos tribunais) e ainda dívida secured (75 milhões) e unsecured (50 milhões de crédito em incumprimento sem garantias), como revelou o ECO em primeira mão.
Venda do Côa ajuda a baixar rácio de NPL
A venda do Côa faz parte do esforço do Banco Montepio para limpar o balanço do banco. O banco era até há não muito tempo um dos que se encontrava em pior situação no que dizia respeito a ativos tóxicos. Em 2020, o grupo esteve a estudar uma forma de resolver o problema de uma forma estrutural, através de uma operação de carve-out para transferir uma carteira de mil milhões de euros em ativos tóxicos para um veículo financeiro que contaria com investidores privados e a própria mutualista.
Contudo, esta operação não veio a sair do papel, levando o banco a ter de reduzir o malparado através, sobretudo, da venda dos ativos tóxicos. Com esta limpeza, o Banco Montepio chegou a setembro com um rácio de exposições não produtivas (que incluem malparado) de 4,2%, baixando face aos 6,9% do mesmo período de 2022 e já abaixo da fasquia dos 5%.
Além da redução do malparado, a instituição financeira tem levado a cabo um processo de ajustamento interno para voltar à rota dos lucros. Parte desse plano passou pela saída de 650 trabalhadores nos últimos três anos (o processo foi concluído em setembro), com vista a reduzir os custos com pessoal.
E já este ano fechou a venda do Finibanco Angola a um banco nigeriano e chegou a um acordo com a fintech Rauva para a venda da licença bancária do Banco Empresas Montepio, por cerca de 35 milhões de euros, ambas as operações visando a simplificação da estrutura do banco.
O ano de 2023 seria um ano de lucros significativos à luz do que aconteceu nos últimos anos, à boleia da subida das taxas de juro, mas não é isso que deverá acontecer. Nos primeiros nove meses do ano, o Banco Montepio registou prejuízos de 21,1 milhões de euros, com o resultado a ser penalizado justamente pelo impacto da venda do banco angolano. Em termos recorrentes, o resultado foi de 94,9 milhões.
O presidente da AMMG, Virgílio Lima, chegou a admitir, numa reunião interna com os representantes dos associados, que o banco não terá prejuízos este ano, mas o resultado não será substancial.
(Notícia corrigida às 9h32. O ECO noticiou inicialmente que o consórcio Bracebridge/Finsolutia tinha sido selecionado para ficar com o Projeto Côa, mas foi o consórcio Fortress/Hipoges quem conquistou a carteira. Aos visados e aos leitores as nossas desculpas)
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