CGD “estranha” greve quando negociações ainda decorrem
A administração liderada por Paulo Macedo sugere que a marcação de uma greve no dia 1 de março tem objetivos políticos.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) estranha a marcação de uma greve para 1 de março, pelo STEC, salientando que as negociações ainda estão em curso e que esta paralisação corre o risco de confundir processos negociais com posições políticas.
Num comunicado em que reage à decisão do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), a Caixa manifesta ainda a sua estranheza pelo facto de a greve ter sido convocada quando as propostas que os outros bancos estão a negociar com os seus trabalhadores são “muito inferiores às que a CGD” tem em cima da mesa.
O STEC anunciou hoje a marcação de uma greve em 01 de março, com concentração em frente ao edifício sede do banco público, em Lisboa, tendo esta paralisação sido decidida num plenário realizado após a terceira ronda negocial com a administração da CGD, que contrapôs um aumento salarial de 3,25% para 2024 à proposta do sindicato que exige 5,9% e um aumento mínimo de 110 euros.
Tendo em conta que o país está neste momento em período eleitoral, a CGD considera também que “esta greve corre o risco de confundir processos negociais com posições políticas”.
A CGD contesta ainda a leitura do sindicato, referindo que a proposta que colocou em discussão “é muito superior a 3,25% (entre 3,00% e 6,74% de aumento, em função do nível remuneratório) de aumento na tabela salarial” e que, considerando as promoções, prémios e incentivos, a proposta se traduz num aumento da massa salarial global de 7,2%.
“Mesmo excluindo a componente variável de prémios e incentivos, que, no ano passado, foi recebida por 93% dos trabalhadores, a proposta significa um incremento de 4,36%”, adianta.
“A Caixa entende que se queira colocar o foco apenas e só na tabela salarial e nas cláusulas de expressão pecuniária, não valorizando as restantes componentes da remuneração. No entanto, o mais relevante para os seus trabalhadores é a remuneração na sua globalidade, que se reflete na massa salarial total“, acrescenta.
Num comunicado divulgado na quinta-feira após a ronda negocial, o banco liderado por Paulo Macedo assinalava que a sua proposta “reflete o reconhecimento pela Caixa do contributo dos colaboradores para os resultados alcançados, mas tem igualmente em conta o atual contexto económico e as orientações conhecidas” para o setor empresarial do Estado (aumento da massa salarial global até 5% sendo a referência por trabalhador de 3%) e está acima do que propõe a generalidade do setor (2%).
A CGD refere que caso a greve venha mesmo a realizar-se, vai “minimizar” o impacto que a mesma poderá ter junto dos clientes, como “tem feito em situações semelhantes”.
O banco público tem contratação coletiva autónoma, pelo que negoceia com sindicatos à parte da maioria da banca (também BCP tem negociação própria). Em 2023, STEC e CGD acordaram um aumento de 76 euros na tabela salarial.
Os bancos subscritores do Acordo Coletivo de Trabalho do setor bancário (são cerca de 20, caso de Santander Totta, Novo Banco e BPI) têm uma mesa comum de negociação salarial comum, tendo proposto 2% enquanto os sindicatos afetos à UGT exigem 6%.
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