Polícias adiam protestos para depois das eleições legislativas
Plataforma que junta sindicatos da PSP e associações da GNR vai solicitar uma audiência imediata ao futuro líder do Governo tendo em vista, como prometido por todos, a resolução imediata do problema.
A plataforma que junta sindicatos da PSP e associações da GNR elogiou esta terça-feira a “forma pacífica” como decorreu a concentração espontânea junto ao Capitólio, em Lisboa, e anunciou o adiamento do encontro nacional previsto para 2 de março. O presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia justifica a decisão com o facto de o Governo estar perto de cessar funções e diz que se trata de uma “uma avaliação sóbria, razoável e democraticamente equilibrada”.
Em comunicado, a plataforma explicou que o encontro nacional de polícias foi adiado para o “pós 10 de março, já num novo quadro político”, garantindo que não irá deixar de “manter acesa a chama da legítima, justa e incontornável reivindicação”.
“A Plataforma manterá a reivindicação do suplemento de missão, através de ações de luta a outros níveis, sendo ela que marcará a diferença no futuro de todos vós e destas instituições seculares”, pode ler-se na nota divulgada nas redes sociais.
Em declarações à RTP3, o presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia realça que “não houve qualquer tipo de pressão” para esta tomada de decisão, sublinhado que as forças de seguranças já estavam a ponderar “abrandar aquilo que são formas de protesto mais impactantes”, com o intuito de “dar alguma margem de maturação política”. “É uma avaliação sóbria, razoável e democraticamente equilibrada”, afiançou Bruno Pereira.
“Temos que saber respeitar aquilo que são os tempos da democracia”, reforçou o responsável, notando que o Governo atual está prestes a cessar funções e “não irá resolver o problema”. Por outro lado, o sindicato espera que o futuro elenco Governativo que sair das eleições de 10 de março “assuma e materialize os votos que já assumiu publicamente no sentido de corrigir prioritariamente esta questão”.
No pós-eleições, também a plataforma garantiu que os cidadãos podem “contar com o regresso em força” das reivindicações, alicerçadas “na exigência da reposição de uma das maiores injustiças alguma vez praticada” para com estas forças de segurança.
A plataforma garantiu também que solicitará “uma audiência imediata ao futuro líder do Governo tendo em vista, como prometido amplamente por todos, a resolução imediata desta desigualdade”. “Que possa constituir o pontapé de saída para a resolução consequente do miserabilismo que se tem instalado em torno das nossas carreiras e que tem afastado as novas gerações de carreiras tão nobres quanto a Nossa”, destacam as forças de segurança.
No comunicado, divulgado terça-feira à noite, a plataforma congratulou-se com a “elevada adesão” de participantes na iniciativa que decorreu na segunda-feira na Praça do Comércio, em Lisboa.
Após uma concentração que juntou na Praça do Comércio cerca de 3.000 elementos da PSP e da GNR, muitos seguiram para o cineteatro Capitólio, onde decorreu o debate eleitoral entre os líderes do PS e do PSD, numa marcha espontânea que não foi autorizada.
O diretor nacional da PSP determinou esta terça-feira a realização de um inquérito interno sobre as circunstâncias do protesto de agentes daquela polícia junto ao cineteatro Capitólio, depois da Direção Nacional ter anunciado na segunda-feira que enviou uma participação ao Ministério Público (MP) para averiguação sobre aquela ação.
Sobre esta iniciativa, a plataforma sublinhou que, apesar de não ter sido organizada, deve ser enaltecida “a forma pacífica como decorreu a deslocação, sem qualquer registo de episódios que possam manchar a imagem e profissionalismo dos seus participantes, que, mais uma vez, fizeram-se ouvir com sobriedade e elevação”.
Também o presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia garantiu que o protesto no Capitólio ” foi feito de forma muito sóbria, urbana e elevada”, nem teve “ordem que apelassem à violência”. Ainda assim, admite que poderá ter sido “desrespeitada a comunicação prévia”.
Os elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.
Esta plataforma, constituída a 6 de dezembro de 2023, salientou também “em jeito de balanço” que os profissionais da GNR e PSP devem ser “reconhecidos pela forma exemplar como têm conseguido reivindicar os seus legítimos direitos, sem lesarem, em nenhuma circunstância, o Estado de Direito Democrático”.
“Ninguém pode ficar indiferente à correção e dimensão das grandes manifestações de Lisboa e Porto, que espelham bem a unidade histórica destes profissionais, das Nossas Pessoas e Camaradas”, pode ler-se ainda.
(Notícia atualizada às 13h50 com as declarações do presidente do do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia)
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