Futuro vai ser construído com imigrantes e é preciso dignificar estes trabalhadores, diz presidente da AHP
Bernardo Trindade diz que é necessária "a dignificação das pessoas que escolheram Portugal e as suas regiões para viverem e trabalharem".
O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal lembrou esta quarta-feira que a mão de obra imigrante em Portugal representa já 15% do total, defendendo que, para além do combate à exploração ilegal, se foque agora na dignificação destas pessoas. No discurso de abertura do 34.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, promovido pela AHP, no Funchal (Madeira), Bernardo Trindade pediu “um olhar muito sério para o fator trabalho”.
“Portugal entre 2015 e 2023 passou de 3% para 15% na mão de obra imigrante. Segundo a Segurança Social, são hoje mais de 720 mil os trabalhadores imigrantes, sendo 115 mil só no setor do turismo. O saldo na Segurança Social entre contribuições e prestações desta mão de obra imigrante é de 1.500 milhões de euros”, começou por referir o responsável.
Bernardo Trindade defendeu, por isso, que para além da necessidade de se “ser impiedosos com todas as formas de imigração e exploração ilegal”, é necessário que a atenção se deva voltar também “agora na dignificação das pessoas que escolheram Portugal e as suas regiões para viverem e trabalharem”. O setor do turismo é dos que mais se queixam nos últimos anos de falta de recursos humanos, sendo também dos que mais têm recorrido a trabalhadores estrangeiros de forma a colmatar este constrangimento.
“O nosso futuro coletivo será construído com estas pessoas. O nosso futuro demográfico terá um desenho e uma contribuição diferente com estas pessoas. Temas como as qualificações, a habitação, os transportes têm de merecer uma atenção de todos nós. Atores públicos e privados. Temos a noção que só cuidando destes aspetos, entregaremos uma qualidade de serviço alinhada com as expectativas dos nossos clientes”, reforçou no congresso, que conta com 500 participantes e que decorre até sexta-feira, sob o mote “Horizonte 20-30”.
Em 30 de novembro, o secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, apelou a uma subida dos salários no setor do turismo, que ainda estão 30% abaixo da média da economia. “Temos de criar melhores condições para atrair talento para o turismo. A dimensão dos salários é muito importante”, pediu Nuno Fazenda, no 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorreu no Porto. “O turismo nos últimos dez anos cresceu sempre a dois dígitos, com exceção dos dois anos da pandemia, cresceu sempre em receitas e em hóspedes. Temos de crescer também em salários”, reforçou, na altura.
Em 14 de fevereiro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou dados preliminares que indicam que o setor do alojamento turístico registou 30,0 milhões de hóspedes e 77,2 milhões de dormidas em 2023, mais 13,3% e 10,7% face a 2022, aumentando os proveitos totais em 20,1% para 6.000 milhões de euros. Estes dados preliminares do INE dizem que no ano passado os proveitos de aposento terão somado 4.600 milhões de euros, o que representa uma subida de 21,3% relativamente a 2022. Comparando com 2019, observaram-se “aumentos mais expressivos,” de 40,2% nos proveitos totais e de 43,0% nos de aposento, referiram.
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