Bial perde 40 milhões com perda de patente, mas já está em nova fase de crescimento
A farmacêutica portuguesa chega ao centenário com receitas de 340 milhões de euros e a olhar para a China. 75% das vendas foram feitas no exterior, em 2023, um peso que deverá continuar a aumentar.
A farmacêutica portuguesa Bial, que comemora o centenário no próximo mês, perdeu 40 milhões de euros com a perda da patente do Zebinix, o medicamento para a epilepsia da empresa. Apesar desta quebra de receita, o CEO da farmacêutica, António Portela, acredita que a farmacêutica, que fechou 2023 com um crescimento de 6% das vendas para 340 milhões de euros e que está a olhar para oportunidades na China, está a “entrar num novo ciclo de crescimento” de vendas.
O antipilético Zebinix, lançado pela Bial em 2009, perdeu a sua patente na Europa e irá perdê-la no próximo ano nos Estados Unidos, o que teve um grande impacto nas receitas nos dois últimos anos. “Nos últimos dois anos perdemos a patente do Zebinix e estamos num processo de recuperação. Mas acredito que estamos a entrar num novo ciclo de crescimento” de rentabilidade, adiantou António Portela ao ECO.
Nos últimos dois anos perdemos a patente do Zebinix e estamos num processo de recuperação. Mas acredito que estamos a entrar num novo ciclo de crescimento” de rentabilidade.
Prestes a completar 100 anos, no próximo mês, a Bial chega a esta importante marca com receitas a crescer e 75% da sua faturação gerada nos 50 países onde a empresa está presente, com Portugal, Espanha e Estados Unidos a destacarem-se como os principais mercados da Bial. Com um foco cada vez maior na internacionalização – a atividade doméstica pesava 80% da faturação há 10 anos –, a Bial prevê continuar a crescer no exterior, sem que isso signifique deixar de crescer também em Portugal.
“O potencial de crescimento no exterior é que é maior“, explica António Portela, em entrevista telefónica ao ECO. O empresário refere que esta evolução é o reflexo de um “investimento muito grande” desenvolvido pela empresa, que está presente nos principais mercados de medicamentos, como EUA e Japão, e não está a olhar para novos mercados. O objetivo é consolidar os mercados onde está, apontando para o potencial da China, onde está em fase de registo de medicamentos.
“Ainda não temos vendas na China, mas vemos grande potencial“, destaca António Portela, explicando que na China, tal como nos EUA e no Japão, a entrada será feita através de parceiros. “Nessas três regiões, a ideia é ter parceiros locais”.
Novos medicamentos esta década
A par da internacionalização, a aposta na investigação e desenvolvimento é outro dos pilares da estratégia da farmacêutica portuguesa. Além do Zebinix, a Bial lançou ainda, em 2016, o seu medicamento para a Doença de Parkinson, o Ongentys, que é comercializado em vários países europeus, EUA, Japão ou Austrália, e que anualmente chega a mais de 85 000 pacientes.
Vamos continuar a transformar a empresa, tal como temos feito nos últimos anos e vamos continuar a investigar novos medicamentos.
“Vamos continuar a transformar a empresa, tal como temos feito nos últimos anos e vamos continuar a investigar novos medicamentos”, refere António Portela, adiantando que a investigação e desenvolvimento são muito complexos e é um processo que demora muito tempo. Ainda assim, prevê que a Bial consiga lançar “um ou dois medicamentos nesta década”, com a farmacêutica focada na inovação na área da neurociência e das doenças raras.
Enquanto não chegam novos medicamentos criados de raiz pela Bial, a empresa está a preparar-se para lançar na Europa um medicamento para o Parkinson que é comercializado nos EUA e para o qual obteve autorização para a venda no Velho Continente.
António Portela espera conseguir manter o nível de investimento atual, destinando 20% da faturação gerada pelo grupo para I&D. “Percebemos que com a nossa dimensão temos muita necessidade de investimento”, justifica.
A Bial, que emprega atualmente cerca de 800 pessoas e está a programar uma série de eventos para assinalar o centenário, que incluem a organização de uma conferência no Porto no dia 25 de junho, é atualmente gerida pela quarta geração da família e, pelo menos para já, não há “intenção de abrir capital”.
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