Américo Aguiar atira contas finais da JMJ para maio, mas já antecipa lucro de 20 milhões
Contas finais do evento da Igreja Católica apresentadas até maio, assim que Deloitte concluir auditoria. Américo Aguiar elogia análise do TdC, que denuncia excesso de adjudicações por ajuste direto.
O presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 afirmou esta sexta-feira que as contas finais do evento da Igreja Católica deverão ser apresentadas publicamente até maio, assim que a Deloitte concluir a auditoria.
“Eu acredito que, mal a Deloitte nos entregue o relatório final da auditoria, possamos fazer a apresentação. E, estou convicto, não passará do mês de maio”, salientou o cardeal Américo Aguiar num áudio enviado às redações.
A Fundação JMJ Lisboa 2023 previa apresentar publicamente no primeiro trimestre deste ano as contas finais do encontro mundial de jovens com o Papa realizado em agosto, com a expectativa de lucro.
Em declarações à RTP, Américo Aguiar antecipa que “haverá um valor superior a 20 milhões de euros, que resultou do número excecional de inscrições, do voluntariado, do apoio do Governo, das autarquias e das empresas privadas, e de uma gestão conservadora”. “Hoje se calhar seria um bocadinho mais generoso na gestão, mas não tínhamos ideia absolutamente nenhuma de um superavit deste género”, acrescentou.
Hoje se calhar seria um bocadinho mais generoso na gestão, mas não tínhamos ideia absolutamente nenhuma de um superavit deste género [superior a 20 milhões de euros].
Em dezembro, fonte oficial da Fundação JMJ Lisboa 2023 assegurou à Lusa que as contas estavam a ser ultimadas e seriam encerradas no final do ano, de acordo com as obrigações legais.
Realçando o compromisso com todos os portugueses em tornar as contas públicas, Américo Aguiar sublinhou que serão do “conhecimento de todos” conforme a promessa feita. “Todos os portugueses vão ter acesso a toda a informação e — na liberdade que nos caracteriza a todos e que deve caracterizar o regime de direito neste Estado de direito em que vivemos — depois cada um acha bem ou acha mal, concorda ou discorda”, observou.
Cardeal elogia contributo do Tribunal de Contas
O cardeal Américo Aguiar elogiou, por outro lado, o contributo do Tribunal de Contas, após as conclusões do relatório de auditoria às contas do evento da Igreja Católica. “O relatório do Tribunal de Contas referente aos apoios públicos à realização da JMJ Lisboa 2023 é um sinal muito positivo do normal funcionamento das instituições nacionais”, salientou o bispo de Setúbal.
O TdC alertou esta sexta-feira os responsáveis pela JMJ para o excesso de adjudicações por ajuste direto, que representaram mais de metade dos contratos. Sem nunca se referir a este alerta, Américo Aguiar, refere que o “escrutínio e a transparência na utilização dos investimentos públicos são bases fundamentais de funcionamento de uma sociedade democrática”.
Referindo que não lhe compete, enquanto presidente da Fundação JMJ Lisboa, “tecer considerações” sobre o trabalho do TdC, destacou apenas a importância da “tarefa fiscalizadora” daquele tribunal. “As recomendações do Tribunal de Contas são importantes contributos para a melhoria dos procedimentos na Administração Pública e um incentivo para continuar um caminho de progresso no sentido do bem comum”, sublinhou.
Américo Aguiar agradeceu ainda à Presidência da República, ao Governo e, entre outras entidades públicas, às autarquias de Lisboa, Loures, Oeiras e Cascais, dizendo que foram “incansáveis na preparação e vivência” do evento, desde a primeira hora.
Segundo o relatório de auditoria às contas do evento da Igreja Católica, realizado em Lisboa em agosto do ano passado, foram reportados ao TdC 432 contratos, incluindo as respetivas modificações, no valor global de 64.131.635,89 euros, abaixo dos 75 milhões de euros previstos inicialmente, prevalecendo o ajuste direto, com 55,05% do valor adjudicado — 34.454.650,72 euros.
“Tendo em conta que a realização da JMJ2023 em Lisboa foi anunciada pelo Vaticano em 27/01/2019, não são inteiramente razoáveis as razões invocadas naquele regime especial permissivo para o ajuste direto”, observou o TdC no relatório hoje divulgado.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para receber a JMJ, um evento que contou com a participação de centenas de milhares de jovens de todo o mundo. As principais cerimónias ocorreram no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
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