Mais de metade dos trabalhadores reporta aumento do stress
Estudo da Deloitte identifica fator humano como "principal elemento da criação de valor acrescentado", mas mostra que há fosso entre perceção de líderes e trabalhadores quanto ao que está a ser feito.
As empresas que valorizam os seus trabalhadores tendem a ter melhores resultados, mas menos de metade afirma estar a fazer algo nesse sentido. Pior, de acordo com o estudo “Global human capital trends” da Deloitte, há um fosso entre a perceção dos líderes e a perceção dos profissionais quanto ao que está a ser feito. E mais de metade dos trabalhadores queixa-se do aumento do stress, considerando-o um dos grandes desafios atuais.
Vamos por partes. Segundo o estudo da Deloitte, que identifica as principais tendências dos recursos humanos no contexto empresarial, priorizar a “sustentabilidade humana” — isto é, a capacidade de gerar “valor em benefício das pessoas, em vez de olhar para elas como fonte de valor” — já não é apenas vantajoso para as empresas. É mesmo obrigatório.
Ou seja, passou de ser um nice to have para um must have, nas palavras da consultora. Isto para que as empresas “possam obter melhores resultados financeiros e criar um impacto positivo na sociedade”.
Aliás, o estudo indica que as organizações que reconhecem a importância dessa “sustentabilidade humana” têm quase o dobro da probabilidade de alcançar os resultados financeiros desejados, e o dobro da probabilidade de alcançar resultados humanos positivos.
No entanto, e ainda que 76% das organizações reconheça a importância das suas pessoas para o sucesso, apenas 46% afirmam estar a fazer algo para as valorizar.
Apesar de 89% dos executivos dizerem que a sua organização está a promover a sustentabilidade humana de alguma forma, apenas 41% dos trabalhadores inquiridos dizem o mesmo.
Pior, há “uma lacuna entre as perceções dos líderes das empresas e dos trabalhadores”: apesar de 89% dos executivos dizerem que a sua organização está a promover a sustentabilidade humana de alguma forma, apenas 41% dos trabalhadores inquiridos dizem o mesmo, e só 43% afirmam que as empresas onde trabalham os deixaram em melhor situação do que quando começaram“.
Quanto aos principais obstáculos enfrentados pelos trabalhadores, o stress e a tecnologia destacam-se. Em concreto, 53% dos trabalhadores identificam o aumento do stress no trabalho como principal desafio, seguido da ameaça da tecnologia absorver os seus empregos.
Perante estes dados, Nuno Carvalho, partner da Deloitte, defende que, apesar de assistirmos a uma aceleração geral da utilização da tecnologia, muito potenciada na área da inteligência artificial, deverá existir uma consciência real da importância do papel que as pessoas têm nas organizações e na sustentabilidade das empresas“.
“Essa poderá ser a chave para o sucesso das organizações, numa altura em que as abordagens tradicionais da forma como trabalhamos caem em desuso. É cada vez mais um fator crítico de sucesso apostar na sustentabilidade humana das organizações, dos mercados e da sociedade como um todo”, realça o consultor.
Outro dado relevante que consta neste estudo sobre a valorização do fator humano é relativo às lideranças. A Deloitte dá conta que 30% dos executivos continuam a trabalhar de forma independente, “ao invés de se focarem numa liderança mais integrada e multifuncional que permita alcançar melhores resultados e desbloquear todo o potencial humano.
Por isso, apenas 10% da força de trabalho e 22% dos líderes concordam que as suas organizações estão a acrescentar valor para os colaboradores. “Há espaço para oportunidades de melhoria”, salienta a Deloitte.
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