Portugal e Brasil: promover a colaboração pela inovação
Há trabalho a ser feito no que toca à receção e integração destas empresas em ambos os países. É necessário criar e desenvolver mais programas de soft landing para apoiar internacionalização.
A ligação entre Portugal e Brasil não é uma novidade: além dos dois países partilharem o idioma, acompanham de perto o desenvolvimento um do outro. Ao longo dos anos, temos assistido ao estabelecimento de parcerias transfronteiriças que têm vindo a estimular a partilha de conhecimentos e de experiências entre os dois países, quer seja entre universidades, empresas ou outras instituições. Estes processos colaborativos têm contribuído para o fortalecimento das relações entre Portugal e Brasil, ao promoverem o empreendedorismo e alavancarem a inovação.
Por um lado, Portugal tem-se assumido como uma boa porta de entrada das startups brasileiras para o mercado europeu e para outros países lusófonos, fomentando a internacionalização destes negócios. Exemplo disso é a SheerME, que tem feito exatamente este caminho de expansão e que, depois de se consolidar no mercado brasileiro, expande-se agora para as indústrias portuguesa e espanhola. Já o Brasil, embora apresente alguns desafios no que toca à internacionalização das empresas, tem um ecossistema de startups e de empreendedores bastante pujante e dinâmico. Com uma cultura diferente da portuguesa, o Brasil tem características cativantes no que toca à inovação, sendo um país com mais apetite pelo risco e por ideias novas do que a cultura europeia.
Na área da inovação, um dos eventos que ambos os países partilham é a Web Summit, o maior encontro tecnológico a nível global e que reúne startups, empreendedores e investidores de todo o mundo. No ano passado, o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Brasil apoiou a deslocação de 300 startups brasileiras à Web Summit portuguesa, um número relevante e que demonstra que os fluxos dos ecossistemas estão a querer aproximar-se. Outro exemplo disso é o facto de, este ano, 31 startups terem rumado à Web Summit do Rio de Janeiro com a Startup Portugal, um número superior aos dados da edição do ano passado que apontavam para a participação de 25 startups portuguesas.
Tudo isto demonstra que tem existido um grande intercâmbio de startups entre o Brasil e Portugal, sendo a Web Summit mais um dos veículos para este propósito. Contudo, ainda há trabalho a ser feito no que toca à receção e integração destas empresas em ambos os países. Além de momentos e eventos esporádicos, é necessário criar e desenvolver mais programas de soft landing que forneçam o apoio e o acompanhamento essenciais às startups no seu processo de internacionalização. Estas iniciativas são fundamentais enquanto pilares para acomodarem e ajudarem na expansão das startups para os vários mercados internacionais. Para tal, a ajuda de grandes empresas e de consultoras de inovação pode ser a chave, não deixando de parte os apoios governamentais.
A Web Summit, quer no Brasil quer em Portugal, tem trazido muita solidez ao ecossistema de inovação e de empreendedorismo, aumentando a visibilidade dos países anfitriões mundialmente. Especificamente no Rio de Janeiro, onde o evento é mais recente, estando na sua segunda edição, este encontro posiciona a cidade como um hub de inovação e de tecnologia de referência no Brasil e do qual a América Latina tanto precisava.
Com todas estas informações, compreendemos que, embora a colaboração entre Portugal e Brasil tenha ainda um caminho a ser percorrido, já está a trazer resultados no que toca à alavancagem da inovação de ambos os países. Ao serem portas de entradas para diferentes continentes, promovem a interação das startups com empresas mundiais, capaz de tornar os ecossistemas mais maduros e colaborativos. É nesta sinergia organizacional e multinacional que reside a força da inovação.
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