Autarcas e militantes do PSD dizem que será “traição” se Rui Moreira liderar lista às europeias
Num manifesto, 20 sociais-democratas demarcam-se de eventual escolha do autarca do Porto para liderar a lista da AD às europeias. Luís Filipe Menezes diz que Moreira é “salvo de merecido anonimato”.
A escolha de Rui Moreira para encabeçar a lista de candidatos da Aliança Democrática (AD) às eleições europeias será uma “traição” que “deixará marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”, advertem duas dezenas de autarcas e outros militantes do partido — entre os quais Vladimiro Feliz, que foi o candidato social-democrata à Câmara do Porto nas autárquicas de 2021 –, que subscreveram um manifesto datado desta segunda-feira.
Ainda que os nomes incluídos nas listas só sejam oficializados na reunião do Conselho Nacional do PSD, que decorre na noite desta segunda-feira, a escolha de Rui Moreira é tida como garantida. Aliás, no seu espaço de comentário na SIC, no domingo, Luís Marques Mendes adiantou-se e comunicou que será o atual presidente da Câmara do Porto independente o cabeça de lista dos sociais-democratas.
“Confrontados com os atuais rumores, cada vez mais certos, de que o atual edil do Porto venha a ser cabeça de lista, indicado pelo PSD, às próximas eleições europeias, queremos deixar claro publicamente que nos demarcamos desta opção“, lê-se no manifesto, a que o ECO teve acesso.
Os 20 subscritores, que incluem também o líder do grupo do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Miguel Corte-Real; os candidatos a vereadores Filipe Sampaio Rodrigues e Rita Monteiro de Sousa; o candidato à União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, João Pedro Antunes; e o diretor de campanha, Tiago Mota e Costa, criticam a proximidade que Rui Moreira “sempre manteve e mantém” com António Costa.
Essa proximidade com o agora ex-primeiro-ministro e antigo secretário-geral do Partido Socialista “torna difícil, ou não, de compreender a recente aproximação à AD”. Recorde-se que Rui Moreira esteve na cerimónia de assinatura do acordo da Aliança Democrática, que teve lugar no edifício da Alfândega do Porto a 7 de janeiro, além de, oito dias antes das legislativas, ter participado num comício de campanha da coligação eleitoral, na Trofa, onde garantiu a Luís Montenegro que contaria com o seu voto. “Ser independente não é ser neutral”, justificou na altura.
No manifesto, os autarcas e outros militantes do PSD apontam o dedo à estratégia do presidente da segunda maior cidade do país “de, em todos os momentos, se ter tentado dar com deus e com o diabo, sem esconder fortes ataques ao sistema partidário nacional, de acordo com os interesses do seu projeto político”. Sistema esse que, acrescentam, Rui Moreira tem agora “uma vontade enorme de integrar”.
“O Porto nunca perdoou a quem o abandona. Na história da Cidade, a liderança do atual edil ficará apenas uma linha e um ponto final, sem conteúdo”, concluem.
“Salvo de merecido anonimato”, diz Luís Filipe Menezes
A confirmar-se Rui Moreira como líder da lista da AD às eleições de 9 de junho para o Parlamento Europeu, o autarca do Porto será “salvo de um mergulho definitivo num cinzento e merecido anonimato”, aponta Luís Filipe Menezes, que liderou o PSD por um período inferior a um ano, entre 2007 e 2008.
Numa publicação na sua conta no LinkedIn, horas antes de se tornar público o manifesto subscrito por autarcas e outros militantes sociais-democratas, o ex-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia aponta que “não há três sem quatro [traições]“, considerando que Rui Moreira “já traiu três líderes do PSD”, em referência a Cavaco Silva, Rui Rio e a si próprio.
No entender de Luís Filipe Menezes, Rui Moreira é presidente “de um Porto em estado de sítio, com obras sem o mínimo de programação”, acusando-o de ter colocado a cidade “ao nível de Sarajevo bombardeada”. “Foram dez anos de glamour de jet set bacoco, sem um único rasgo de genialidade, sem uma obra emblemática, sem uma política inteligível para o que quer que seja“, acrescenta.
Lembrando declarações do autarca portuense em 2019, nas quais admitia candidatar-se a um terceiro mandato à frente da Câmara e garantia não ter ambições nacionais nem “nunca mais” fazer política depois de liderar o município portuense, o antigo presidente do PSD afirmou, com ironia, que Rui Moreira “pelo menos é um político com convicções firmes e palavra confiável”.
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