Associação empresarial têxtil assume jornal que era dirigido por Manuel Serrão
Instalações da publicação que tinha Manuel Serrão como diretor e Júlio Magalhães como colaborador permanente foram um dos locais das buscas da Polícia Judiciária. Ana Dinis fala numa “nova era”.
Pouco mais de um mês depois das buscas realizadas pela Polícia Judiciária por suspeitas de uma fraude com fundos europeus superior a 40 milhões de euros, a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) assumiu a direção do T Jornal, que tinha Manuel Serrão como diretor e Júlio Magalhães como um dos colaboradores permanentes.
Numa mensagem em que Ana Dinis, diretora-geral da ATP, assina também como editora do T Jornal, lê-se que “agora sob a direção da ATP, o [projeto] entra numa nova era, repleta de promessas e possibilidades”. “Este novo ponto de partida garante não só a continuidade do T, mas também traz consigo uma vasta experiência e um profundo conhecimento da indústria têxtil e do vestuário”, acrescenta.
Apesar de sempre ter pertencido à associação empresarial liderada por Mário Jorge Machado, esta publicação que tinha uma versão mensal em papel, além da edição digital, era dirigida por Manuel Serrão, o principal visado na chamada Operação Maestro. As instalações do jornal, que funciona nas instalações da Associação Empresarial de Portugal (AEP), em Leça da Palmeira, foram precisamente um dos locais das buscas realizadas pela PJ.
Segundo o Ministério Público, alguns dos colaboradores do jornal seriam, ao mesmo tempo, funcionários da Associação Selectiva Moda, que está no centro das investigações. E as suas remunerações seriam imputadas a projetos deste organismo, que tinha como missão a organização da participação de empresários portugueses em feiras internacionais.
Com uma tiragem mensal de 4.000 exemplares em papel, o T Jornal não era vendido em banca, mas apenas distribuído pelos assinantes. Numa publicação no LinkedIn, em que se despede como um “até sempre”, lê-se que a última edição, o número 91 do jornal, é disponibilizada aos “leitores de sempre” apenas em versão digital.
Como o ECO noticiou na semana passada, o Governo decidiu abrir um inquérito para apurar se os serviços do Estado que lidam com fundos europeus tiveram responsabilidade nas fraudes em investigação. “A Agência para o Desenvolvimento e Coesão vai realizar em estreita colaboração com a Inspeção-Geral de Finanças um inquérito rigoroso à ação de controlo das entidades que estiveram de alguma forma envolvidas na suspeita”, referiu o ministro Manuel Castro Almeida.
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