Guerra em Gaza provoca discussão acesa na OCDE
38 países membros da OCDE mostram "profunda preocupação com os impactos económicos e sociais negativos da evolução dos conflitos no Médio Oriente".
O conflito no Médio Oriente foi tema na reunião ministerial anual da OCDE que terminou esta sexta-feira em Paris, com discussões acesas entre vários dos países membros e uma frase de compromisso vazio acordada na declaração final. Nessa declaração, os 38 países membros mostram “profunda preocupação com os impactos económicos e sociais negativos da evolução dos conflitos no Médio Oriente”.
Questionado na conferência de imprensa de encerramento sobre as discussões acerca deste ponto e sobre quem teve a iniciativa de o incluir na declaração final, o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o ex-ministro australiano Mathias Cormann, limitou-se a parafrasear a frase de consenso.
“Na declaração adotada, os nossos ministros mostram preocupação com os impactos económicos e sociais da evolução dos conflitos no Médio Oriente. Penso que é claramente um dos desafios muito significativos que enfrentamos. Isso fez parte da discussão e foi refletido no quarto ponto da declaração ministerial”, explicou Cormann.
O secretário-geral da OCDE não quis referir quem esteve na origem da iniciativa de abordar a questão, que em princípio não é responsabilidade de uma organização focada na economia e também se recusou a comentar a discussão que gerou. Para Israel, que vive um grande isolamento na maioria das organizações internacionais, o objetivo era procurar uma forma de aliviar essa situação na OCDE com alguma condenação dos ataques do grupo islamita Hamas, em 7 de outubro.
O ministro da Economia israelita, Nir Barkat, chegou a Paris, cidade sede da organização, na quarta-feira, um dia antes do início da reunião ministerial, e não era esperado que regressasse ao seu país até pelo menos sábado. Uma das censuras ao consenso da declaração final, por parte de pelo menos uma delegação, foi que o ponto referente à guerra no Médio Oriente foi reduzido a uma frase sucinta e concisa, quando um parágrafo de oito linhas tinha sido dedicado à invasão russa da Ucrânia.
Nesse parágrafo, a OCDE “condena a agressão da Rússia contra a Ucrânia nos termos mais fortes possíveis” e sublinha que “a guerra injustificável e não provocada contra a Ucrânia é uma clara violação da legalidade internacional e um sério perigo para a ordem internacional baseada em regras”.
Houve também países que manifestaram a sua insatisfação com o facto de a declaração final da reunião ministerial ter entrado nestas questões de política internacional, na medida em que isso pode minar a sua credibilidade num momento em que a organização se encontra em fase de expansão, com sete países no processo de adesão, incluindo o Brasil, a Argentina e o Peru.
Segundo a imprensa israelita, Barkat aproveitou a sua presença em Paris para apresentar uma queixa junto de Cormann sobre a decisão turca – anunciada na noite de quinta-feira – de suspender todo o comércio com Israel, em retaliação pelas suas ações militares contra os territórios palestinianos. O ministro israelita argumentou que esta medida ataca alguns dos princípios da OCDE, o que ao longo da sua história significou promover a remoção de obstáculos ao comércio, e em particular contra outro Estado membro.
O conflito no Médio Oriente também levou a Colômbia – que também é membro da organização – a anunciar na quinta-feira que vai romper as relações diplomáticas com Israel.
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